domingo, 25 de outubro de 2015

Falso bem-estar

            Ultimamente, nas minhas reflexões matutinas, sempre fico a pensar: Nossa, como anda a depressão das pessoas diante dessa crise que o País atravessa?
            Nestes tempos em que é mais fácil mudar de sexo do que mudar de time de futebol convém pensar um pouco de que a situação anda preta. Bota preta nisso! Ressaltando que tais críticas não são fruto de uma percepção preconceituosa no Brasil. É a nossa realidade, nua e crua, de contrates. Aliás, contrates e surpresas.
            Convenhamos: só mesmo muita fé, esperança e paciência para acreditar que vamos enfim alcançar a superação da triste situação que ecoa pelo País. Como diz o meu predileto amigo Cordeiro, em referência à crise: “Saltar do penhasco parece mais fácil”.
            Infere-se daí a razão frenética pela busca dos remédios antidepressivos, visando o bem-estar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 350 milhões de pessoas, cerca de 5% da população mundial, sofram de depressão a cada ano. No Brasil, cerca de 10% da população teria a doença, o dobro da média mundial. O que deixa o País com um dos mais altos índices de depressão do mundo, acima de países como EUA, com 7%, e França, 8%.
            Nesse contexto, o Rivotril passou a ser o segundo mais consumido no Brasil, só perde para o anticoncepcional distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de ser de tarja preta, o remédio superou as vendas do paracetamol, pomada contra assaduras e medicamentos que controlam doenças crônicas, que sempre lideram essa lista.
            Cá entre nós – isto é, cá entre mim e mim mesmo, motivo não nos falta: desemprego, inadimplência, inflação, segurança, corrupção... Isso tudo decorrente da visão míope de um Estado grande e intervencionista praticada pelo governo petista nos últimos anos tem conduzido a economia para um resultado desastroso. Dito de outra maneira, um novo Brasil precisa se projetar, mais transparente, mais eficiente, que olha para o futuro.
            Tem mais. Na busca incessante pelo bem-estar (falso bem-estar), via remédios antidepressivos, a partir dos imperativos impostos pela nossa economia, que vai sendo sucateada, como um transatlântico afundando lentamente. Se não entendermos isso, nós, brasileiros, poderemos renunciar a qualquer sonho de grandeza civilizatória.
            Então tá. Agora está explicado o porquê de tanto consumo do Rivotril.


                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                         Advogado e mestre em Administração

            

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