Ultimamente, nas minhas reflexões
matutinas, sempre fico a pensar: Nossa, como anda a depressão das pessoas diante
dessa crise que o País atravessa?
Nestes tempos em que é mais fácil
mudar de sexo do que mudar de time de futebol convém pensar um pouco de que a
situação anda preta. Bota preta nisso! Ressaltando que tais críticas não são
fruto de uma percepção preconceituosa no Brasil. É a nossa realidade, nua e
crua, de contrates. Aliás, contrates e surpresas.
Convenhamos: só mesmo muita fé,
esperança e paciência para acreditar que vamos enfim alcançar a superação da
triste situação que ecoa pelo País. Como diz o meu predileto amigo Cordeiro, em
referência à crise: “Saltar do penhasco parece mais fácil”.
Infere-se daí a razão frenética pela
busca dos remédios antidepressivos, visando o bem-estar. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 350 milhões de pessoas, cerca
de 5% da população mundial, sofram de depressão a cada ano. No Brasil, cerca de
10% da população teria a doença, o dobro da média mundial. O que deixa o País
com um dos mais altos índices de depressão do mundo, acima de países como EUA,
com 7%, e França, 8%.
Nesse contexto, o Rivotril passou a
ser o segundo mais consumido no Brasil, só perde para o anticoncepcional
distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de ser de tarja preta, o
remédio superou as vendas do paracetamol, pomada contra assaduras e
medicamentos que controlam doenças crônicas, que sempre lideram essa lista.
Cá entre nós – isto é, cá entre mim
e mim mesmo, motivo não nos falta: desemprego, inadimplência, inflação,
segurança, corrupção... Isso tudo decorrente da visão míope de um Estado grande
e intervencionista praticada pelo governo petista nos últimos anos tem
conduzido a economia para um resultado desastroso. Dito de outra maneira, um
novo Brasil precisa se projetar, mais transparente, mais eficiente, que olha
para o futuro.
Tem mais. Na busca incessante pelo
bem-estar (falso bem-estar), via remédios antidepressivos, a partir dos
imperativos impostos pela nossa economia, que vai sendo sucateada, como um
transatlântico afundando lentamente. Se não entendermos isso, nós, brasileiros,
poderemos renunciar a qualquer sonho de grandeza civilizatória.
Então tá. Agora está explicado o
porquê de tanto consumo do Rivotril.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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