Pensando bem, parece que o nosso País
está vivendo uma espécie de “síndrome do Titanic”. Só lembrando: enquanto o navio
Titanic afundava, cavalheiros jantavam ao som de violinos e conversavam sobre
temas triviais, como corrida de cavalos e jogo de bridge.
Mas aí está: em vez do governo e os
nossos Congressistas estarem tratando da real situação econômica que travessa a
nossa nação, estão, simplesmente, focados no impeachment da presidente. É, ou
não é, uma espécie da crônica do naufrágio do Titanic?
A prova dessa similitude é o descaso
com a massa de desempregado que já atinge a 3,5 milhões de trabalhadores
brasileiros. Cuja solução seria fomentar o microcrédito – uma linha de
financiamento para atender desempregados e pessoas com emprego incerto;
estimulando, com isso, criar o seu próprio negócio.
Lamentavelmente, segundo o Banco
Central, entre junho de 2014 e junho 2015, a expansão anual do estoque de
crédito para o segmento de pequenos negócios, nos bancos estatais, passou de
13,4% para o insignificante 0,03%. Vergonhoso, não?
O atual quadro de turbulência
nacional fortalece ainda mais a importância do microcrédito. Basta dizer que na
maioria dos países europeus a pequena empresa é responsável por mais da metade
do PIB - ultrapassando os 60% na Alemanha e na Itália - já no Brasil elas ainda
não respondem nem por 28% do PIB, apesar de as pequenas e microempresas, em
número, sejam 99% do total de empresas existentes.
É bom que se diga em bom português:
a experiência exitosa do microcrédito é uma realidade mundial. Infelizmente, o
Brasil está tão atrasado nesse aspecto que os bancos por aqui ainda não
oferecem microcrédito para quem se candidata a ser empreendedor. É pena que essa
linha de crédito continue sendo um produto no qual o nosso setor financeiro
busca ter um grande retorno, mas não é assim nem em outros países
latino-americanos.
Pertinho da gente, na Colômbia e na
Bolívia, o microcrédito é visto como um meio que permite ao desempregado fazer
um investimento que possa ser pago em mais de dez anos e, muitas vezes, sem
juros. Ao contrário o que ocorre no Brasil, com os seus juros por demais
abusivos. Um verdadeiro escárnio ao bom senso. Beira a ironia.
Com o País à beira do abismo, é hora
de recorrer ao microcrédito para enfrentar a onda do desemprego.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre
em Administração
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