segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Acabou o dinheiro

            Para onde vamos, afinal? O que assusta é a ausência de perspectivas na área econômica, sem falar com da política, que é outro nó. Não há uma agenda visual e factível para o Brasil. Como diz certo articulista, estamos no piloto automático rumo ao precipício.
            De qualquer modo, de um jeito ou de outro, em algum momento, o País terá sair desta condição de humilhação e de paralisia. Para enxergar esse caminho milhas à frente, é preciso focar alto. De imediato, a impressão que se tem é que a presidente Dilma deve estar estrábica.
            Li outro dia que Marcio Braga - então presidente do Flamengo, em 2009 - convocou a imprensa à sede da Gávea e abriu o jogo: “O que está acontecendo aqui é exatamente o seguinte: Acabou o dinheiro. Não tem mais dinheiro”. Ora, Dilma tem que fazer a mesma coisa. Basta reunir os jornalistas e dizer “que, por miopia ou conveniência política, escondi a crise na campanha, agora estou aqui para me redimir”. Ou melhor, repetir as palavras do ex-mandatário rubro-negro: ”Acabou o dinheiro. Não tem mais dinheiro”.
            Mas, em vez disso, prefere recorrer o receituário de plantão: aumentar a arrecadação com mais impostos. Esquecendo o básico a ser feito: cortar gastos no curto prazo, fazer reforma estrutural no longo prazo e evitar aumento de impostos que possam piorar ainda mais a situação. Fora isso, o resto é pura ficção científica.
            Um olhar um pouco mais aprofundado, contudo, verifica-se que o governo pretende reduzir gastos e programas sociais previstos no seu Orçamento em um montante de R$ 70 bilhões, enquanto, neste ano, com a taxa básica de juros (Selic) de 14,5% que está vigorando, o próprio governo terá que desembolsar cerca de R$ 220 bilhões apenas para pagar juros aos bancos e aos rentistas. Lembrando que o problema não é, nunca foi, cortar os benefícios sociais, mas seu abuso, perdulário e descontrolado, que rende óbvios dividendos eleitorais.
            Nesse absurdo quiproquó, é vergonhoso ainda saber que a taxa média de juros no rotativo do cartão de crédito alcançou 403,5% ao ano em agosto, segundo o Banco Central. A taxa média do cheque especial também subiu e fechou o mês passado em 253,2% ao ano. Na média, a taxa de juros do crédito ao consumo (crédito livre pessoa física) passou de 49,7% em agosto do ano passado para 61,2% ao ano em agosto deste ano. Uma insensatez à parte que merece um artigo exclusivo.
            Que coisa! Infelizmente, a ficha não caiu para o governo Dilma.


                                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                  Advogado e mestre em Administração

                                            

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