Para onde vamos, afinal? O que
assusta é a ausência de perspectivas na área econômica, sem falar com da
política, que é outro nó. Não há uma agenda visual e factível para o Brasil.
Como diz certo articulista, estamos no piloto automático rumo ao precipício.
De qualquer modo, de um jeito ou de
outro, em algum momento, o País terá sair desta condição de humilhação e de
paralisia. Para enxergar esse caminho milhas à frente, é preciso focar alto. De
imediato, a impressão que se tem é que a presidente Dilma deve estar estrábica.
Li outro dia que Marcio Braga -
então presidente do Flamengo, em 2009 - convocou a imprensa à sede da Gávea e
abriu o jogo: “O que está acontecendo aqui é exatamente o seguinte: Acabou o
dinheiro. Não tem mais dinheiro”. Ora, Dilma tem que fazer a mesma coisa. Basta
reunir os jornalistas e dizer “que, por miopia ou conveniência política,
escondi a crise na campanha, agora estou aqui para me redimir”. Ou melhor,
repetir as palavras do ex-mandatário rubro-negro: ”Acabou o dinheiro. Não tem
mais dinheiro”.
Mas, em vez disso, prefere recorrer
o receituário de plantão: aumentar a arrecadação com mais impostos. Esquecendo
o básico a ser feito: cortar gastos no curto prazo, fazer reforma estrutural no
longo prazo e evitar aumento de impostos que possam piorar ainda mais a
situação. Fora isso, o resto é pura ficção científica.
Um olhar um pouco mais aprofundado,
contudo, verifica-se que o governo pretende reduzir gastos e programas sociais
previstos no seu Orçamento em um montante de R$ 70 bilhões, enquanto, neste
ano, com a taxa básica de juros (Selic) de 14,5% que está vigorando, o próprio
governo terá que desembolsar cerca de R$ 220 bilhões apenas para pagar juros
aos bancos e aos rentistas. Lembrando que o problema não é, nunca foi, cortar
os benefícios sociais, mas seu abuso, perdulário e descontrolado, que rende
óbvios dividendos eleitorais.
Nesse absurdo quiproquó, é
vergonhoso ainda saber que a taxa média de juros no rotativo do cartão de
crédito alcançou 403,5% ao ano em agosto, segundo o Banco Central. A taxa média
do cheque especial também subiu e fechou o mês passado em 253,2% ao ano. Na
média, a taxa de juros do crédito ao consumo (crédito livre pessoa física)
passou de 49,7% em agosto do ano passado para 61,2% ao ano em agosto deste ano.
Uma insensatez à parte que merece um artigo exclusivo.
Que coisa! Infelizmente, a ficha não
caiu para o governo Dilma.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e mestre em Administração
Nenhum comentário:
Postar um comentário