segunda-feira, 6 de julho de 2015

Papo de bar

            A cada dia lemos notícias cada vez piores sobre as falcatruas envolvendo figuras da classe política, autoridades do governo e grandes empreiteiras – parceiras contumazes das ações criminosas. Ninguém mais questiona a gravidade da situação.
            É bem verdade, desde que comecei a acompanhar a política brasileira, sempre ouvia rumores sobre a promiscuidade entre políticos e empreiteiras. Agora, com a operação Lava Jato, culminando com a prisão desses agentes, demonstra que está em curso um desmonte do Estado clientelista no Brasil.
            É estranho e esquizofrênico o jeito como os amigos (políticos e empreiteiras) tentam achar normal a relação incestuosa da troca de favores. Sem sequer se dar ao trabalho de disfarçar. É garantia de risadas a fragilidade da defesa ao justificar que tudo (doações) está devidamente declarado na Justiça Eleitoral. E pronto!
            Acreditem que tal discurso, segundo o meu amigo Cordeiro, virou papo de bar. Fala-se que a sigla OAS era traduzida, antigamente, por “Obras arranjadas pelo Sogro”, em alusão ao fato de que César Mata Pires, fundador e sócio majoritário da empreiteira, era genro de Antonio Carlos Magalhães, expoente civil do regime militar e conhecido como “Toninho Malvadeza”.
            É uma situação muito constrangedora, e quem vai pagar o pato, como sempre, é a população. Hoje o Brasil está morrendo de medo de tudo: recessão, inflação, desemprego. Ao ponto de Dilma Rousseff está no “volume morto”, conforme definição de seu padrinho, alcançando o assustado índice de reprovação de 68% dos brasileiros.
            Uma das conclusões de Tarso Genro é que a agremiação petista precisa de um “choque de sociedade civil”. Diz mais: “O partido foi, paulatinamente, se afastando da condição de partido de luta e partido de movimento”. Não é preciso recorrer a um oráculo para ver que o PT não está acompanhando as mudanças da sociedade que ele próprio ajudou a transformar.
            Chegou a hora de o governo ter humildade e reconhecer que falhou no combate efetivo à corrupção. Como metástase, ela propaga-se e a sociedade clama por uma cirurgia rápida. Nada mais me estarrece. Nada mais me revolta. A corrupção ultrapassa todos os limites e provoca em mim a saturação da indignação.
            Eis um retrato em branco e preto de uma situação lastimável. O brasileiro sente no bolso o País parar e assiste a sucessivos escândalos. É preciso reagir. É preciso dar um passo à frente e dizer: Epa, pera lá, chega!
            Demorou, mas finalmente o fisiologismo saiu do armário.

                                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                  lincoln.consutoria@hotmail.com
                                                                     Advogado e mestre em Administração

            

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