A cada dia lemos notícias cada vez piores sobre as
falcatruas envolvendo figuras da classe política, autoridades do governo e
grandes empreiteiras – parceiras contumazes das ações criminosas. Ninguém mais
questiona a gravidade da situação.
É bem verdade, desde que comecei a
acompanhar a política brasileira, sempre ouvia rumores sobre a promiscuidade
entre políticos e empreiteiras. Agora, com a operação Lava Jato, culminando com
a prisão desses agentes, demonstra que está em curso um desmonte do Estado
clientelista no Brasil.
É estranho e esquizofrênico o jeito
como os amigos (políticos e empreiteiras) tentam achar normal a relação
incestuosa da troca de favores. Sem sequer se dar ao trabalho de disfarçar. É
garantia de risadas a fragilidade da defesa ao justificar que tudo (doações)
está devidamente declarado na Justiça Eleitoral. E pronto!
Acreditem que tal discurso, segundo
o meu amigo Cordeiro, virou papo de bar. Fala-se que a sigla OAS era traduzida,
antigamente, por “Obras arranjadas pelo Sogro”, em alusão ao fato de que César
Mata Pires, fundador e sócio majoritário da empreiteira, era genro de Antonio
Carlos Magalhães, expoente civil do regime militar e conhecido como “Toninho
Malvadeza”.
É uma situação muito constrangedora,
e quem vai pagar o pato, como sempre, é a população. Hoje o Brasil está
morrendo de medo de tudo: recessão, inflação, desemprego. Ao ponto de Dilma
Rousseff está no “volume morto”, conforme definição de seu padrinho, alcançando
o assustado índice de reprovação de 68% dos brasileiros.
Uma das conclusões de Tarso Genro é
que a agremiação petista precisa de um “choque de sociedade civil”. Diz mais:
“O partido foi, paulatinamente, se afastando da condição de partido de luta e
partido de movimento”. Não é preciso recorrer a um oráculo para ver que o PT
não está acompanhando as mudanças da sociedade que ele próprio ajudou a
transformar.
Chegou a hora de o governo ter
humildade e reconhecer que falhou no combate efetivo à corrupção. Como
metástase, ela propaga-se e a sociedade clama por uma cirurgia rápida. Nada mais
me estarrece. Nada mais me revolta. A corrupção ultrapassa todos os limites e
provoca em mim a saturação da indignação.
Eis um retrato em branco e preto de
uma situação lastimável. O brasileiro sente no bolso o País parar e assiste a
sucessivos escândalos. É preciso reagir. É preciso dar um passo à frente e
dizer: Epa, pera lá, chega!
Demorou, mas finalmente o
fisiologismo saiu do armário.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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