segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Cartas extraordinárias

       Chega ao mercado literário o livro “Cartas extraordinárias”, do inglês Shaun Usher, Companhia das letras, 2014, versão em papel couchê, onde traz pérolas emocionantes do universo das cartas. Do comovente bilhete suicida de Virginia Woolf à receita de “scones” que a rainha Elizabeth II da Inglaterra enviou ao presidente norte-americano Eisenhower. Como também a missiva em que Gandhi suplica a Hitler desistir de dominar a Europa.
            A pertinente obra é uma celebração do poder da correspondência escrita, que captura o humor, a seriedade e o brilhantismo que fazem parte da vida de todos nós. Digo até que alguns de seus textos sirvam de referência aos leitores e àqueles que, por desinformação ou desonestidade intelectual, falam e escrevem com parcialidade sobre os fatos que fazem parte da nossa história.
            É interessante se debruçar sobre o registro do então jovem Fidel Castro, aos 14 anos, e não 12, como afirma, pedindo, em inglês, uma nota de dez dólares ao recém-reeleito presidente dos EUA Franklin Roosevelt.
            Em novembro de 1942, durante a batalha de Guadalcanal, que se estendeu por três dias nas ilhas Salomão, o USS Juneau foi atingido por dois torpedos japoneses e afundou. Morreram 687 homens, entre eles os cinco irmãos Sullivan. Depois de dois meses dessa tragédia, sua mãe, Alleta Sullivan, enviou ao Departamento de Pessoal da Marinha uma carta comovente, solicitando informações sobre o acontecido.
            Aos 32 anos, Ludwig van Beethoven, um dos compositores mais famosos de todos os tempos, escreveu uma carta comovente que explica seu comportamento antissocial e sua aflição e só deveria ser aberta pelos irmãos após sua morte. Apesar da surdez, ele continuou compondo até o fim da vida.
            Duas cartas são endereçadas a Marlon Brando: numa delas, de 1957, o escritor Jack Kerouac suplica para que o ator faça parte da adaptação de seu recém-lançado livro “Pé na Estrada”. Noutra, de 1970, Mario Puzo faz pedido semelhante para a versão cinematográfica de “O Poderoso Chefão”. Por sua magnífica interpretação de Vito Corleone, Brando foi agraciado com o Oscar de Melhor Ator.
            Alguns outros são repugnantes, como a carta em que Jack, o Estripador, se apresenta à polícia londrina enviando um pedaço de uma de suas vítimas. Outros curiosos, como o de uma criança que sugere ao presidente norte-americano Abraham Lincoln que deixe a barba crescer.
            Deve-se destacar o fac-símile do telegrama que avisa aos militares na base de Pearl Harbor que as sirenes que estavam ouvindo não eram um teste – e sim o ataque que motivou a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial.
            Para mim, como diz o autor, um verdadeiro deleite literário a ser degustado aos poucos.
           
           
                                                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                  Advogado e Administrador de Empresas

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