Como
dizia o economista liberal Milton Friedman, “não existe almoço grátis”. É fato.
Principalmente quando se trata de campanhas eleitorais financiadas pelas
empresas. Considerando-se os valores
declarados para a eleição de 2010, 75% de todos os recursos destinados aos
candidatos, partidos e comitês foram provenientes de pessoa jurídica.
Pelo andar da carruagem, o resultado
das doações, nas eleições de 2014, não vai ser diferente. Todos os grandes
financiadores de 2010 aparecem no alto da lista deste ano. Como empresas não
costumam brincar com o retorno do capital, a repetição da estratégia de
financiamento é a melhor demonstração de que tem produzido resultados
esperados.
Podem me atirar pedras. Até parece
que o Brasil adora esse modelo sujo. O bordão capitalista informa que o
dinheiro não tem ideologia, e não há nada de errado nisso. O dinheiro não tem
pátria, vai aonde tem mais chance de se multiplicar. Ou seja: coisa normal a empresa
financiar uma campanha eleitoral como se fosse mais um negócio, um
investimento.
Um
amigo meu parece ter entendido ao pé da letra que nas espetaculares denúncias
de corrupção temos por trás o doador de campanhas eleitorais. A Polícia Federal
afirma que mais de 50% dos escândalos do País têm como origem nesses “benfeitores”.
Não é preciso esforço para notar que essa prática de doação chega “quase
extorsão”. Funciona assim: “olha, ou você contribui para minha campanha ou eu
posso não ser seu amigo se ganhar” ou “se eu ganhar, e você contribuir, eu vou
ser seu amigo”.
Torço
o nariz quando o assunto é financiamento de campanhas eleitorais. Ainda bem que
já existe o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) proibindo doações de
empresas a campanhas eleitorais e partidos políticos. Esse julgamento foi
suspenso porque o ministro Gilmar Mendes pediu vistas do processo. O placar já
é de 6 a 1. Faltam os votos de quatro magistrados.
Nessa linha, o ministro Levandowski
nos brindou com imperdível comentário: “O financiamento fere profundamente o
equilíbrio dos pleitos, que nas democracias deve se reger pelo princípio ‘um
homem, um voto’. As doações milionárias feitas por empresas a políticos
claramente desfiguram esse princípio multissecular, pois as pessoas comuns não
têm como contrapor-se ao poder econômico”.
O Brasil não tem mais estômago para
ficar acompanhando investigação de atos sórdidos decorrente das estripulias dos
doadores de campanha eleitoral. Chega!!!
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
Nenhum comentário:
Postar um comentário