segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A vez das ciclovias

       O curioso ver o disparate dos políticos que criticam a questão da mobilidade, mas não trás alternativas para as cidades, como é o caso das ciclovias.
            Já disse noutra ocasião. A política pública de mobilidade, que inclui a construção de ciclovias, é a garantia do direito de ir e vir com mais segurança.
            Muito apropriado o editorial do jornal Folha de S.Paulo (com o título supracitado) que, através da pesquisa Datafolha publicada na semana passada, deixa claro que a maioria expressiva dos paulistanos defende a expansão de vias exclusivas para ciclistas. Entre os entrevistados, 22% declaram intenção de, nos próximos seis meses, comprar uma bicicleta (32% já têm uma), e 41% indicam ser grande a chance de usar as ciclovias.
            Passa da hora de as autoridades brasileiras enfrentarem a questão com a urgência e a seriedade que ela exige. É preciso qualificar o debate sobre esse tema. Sinto-me, contudo, obrigado a dizer que a bicicleta é um meio de transporte limpo, que ocupa muito menos espaço do que um carro (embora não seja a única solução para os problemas de mobilidade urbana) e oferece a seus usuários a possibilidade de não ficar refém das condições do trânsito.
            Percebe-se que todo ciclista que coloca sua bicicleta na rua, apesar de ser criticado, apesar de ouvir frases desmotivadas como “é perigoso”, “vá pedalar no parque” ou “bicicletas não cabem nessa cidade”, é na prática um cicloativista, pois está fazendo sua parte, ainda que não se dê conta da conquista desse direito para as gerações futuras.
            Falta um estudo de fôlego, como é o caso de estreitar um pouco as calçadas para dar vez as ciclovias. Olhando para a nossa cidade, onde já se verifica grandes avanços à mobilidade urbana, é notório em alguns lugares, a exemplo da Epitácio Pessoa, da Beira Rio, da Ruy Carneiro e tantas outras, que têm 3 a 5 metros de calçadas, espaço que dá para um automóvel, é possível sim utilizar o passeio para fazer ciclovias. No exterior, tive a oportunidade de conferir que isso já não é mais novidade.
            Hoje, com tal iniciativa, Barcelona ampliou suas ciclovias para 230 quilômetros. Sydney representa uma espécie de selo de qualidade para quem é ciclista. Convenhamos: são medidas simples e inteligentes, com baixo custo e eficiência. Como diz o meu velho amigo Cordeiro: proposta simplória e que pode ser resolvida de imediato, tipo, com uma canetada.
            É pena que esse tema, as vésperas da eleição, os políticos jogam para a platéia. Mas, após a disputa eleitoral, como Pôncio Pilatos, eles lavam as mãos.

                                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                            lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                              Advogado e mestre em Administração

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