Atrevo-me
a afirmar que tenho aversão a reuniões de condomínio. Muitas pessoas (como eu)
deixam de participar das assembleias porque elas são realmente bastante
enfadonhas e desgastantes, e quase sempre terminam com brigas.
Seja lá como for, uma coisa é certa:
não participar é a pior solução. Há condôminos que se consideram “donos da
verdade”; outros que só querem tratar de assuntos pessoais, pouco se lixando
para outras questões; há também os que são agressivos e não sabem manter o
debate em bom nível de urbanidade, e tantos outros perfis que acabam
tumultuando essas reuniões e desestimulando a participação dos demais. É por isso
que a média de presença nesses encontros fica entre 10% e 20% dos condôminos.
Recentemente participei de uma assembleia
e fiquei estarrecido com a cantilena crítica (injusta!) de um condômino sobre a
administração do síndico. Verdadeiro strip-tease verborrágico. Resumindo: um
chato! Parecia que ele tinha incorporado José Luiz Datena e Marcelo Rezende,
locutores dos programas policialescos.
O mal de alguns condôminos é
subestimar a inteligência alheia, e nisso eles são craques. Obviamente isso me
traz indignação frente às regras sociais, à intolerância ao próximo e à falta
de educação. Têm aqueles que fazem o estilo “boa praça” ou “gente fina”. Porém,
disfarce puro! Outros são absolutamente debochados e petulantes. São incapazes
de colaborar com a administração. Eles sempre demonstram um misto de insatisfação
e indiferença. Puro exercício do quanto pior melhor.
O danado, por incrível que possa
parecer, os brasileiros ainda não aprenderam a viver em comunidade. Podemos
afirmar que somos um povo individualista, mas quando vamos morar num
condomínio, precisamos enfrentar barreiras, como a divisão de espaço, seguir
regras, saber que, se faço barulho no apartamento/casa, estou incomodando o
vizinho, que não posso fazer festas até as duas horas da madrugada etc .
Apesar do quiproquó, não podemos ter
medo de assembleias. Pois cada condômino que não vai a uma reunião está dando
direito algum chato de ficar com o poder na mão e de fazer as mais diversas
barbaridades.
Ah, claro. O gostoso é que nessas
reuniões, no fundo, lá no fundo, vou continuar ouvindo aquela vozinha (contra o
cara chato): “Tá bom, tá bom... Senta!”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
Nenhum comentário:
Postar um comentário