segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Pandemônio da burocracia

       Até agora, no blablablá dos debates políticos, não vi de nenhum presidenciável qualquer menção sobre o pandemônio da burocracia, que tanto trava o nosso desenvolvimento e que deixa o brasileiro cada vez mais acabrunhado – com sentimento de angústia e decepção.
            É um desalento viver no inferno burocrático que emperra a vida de todos nós, notadamente, a vida dos nossos empresários. Não é novidade a péssima colocação brasileira em todos os rankings internacionais de melhores países para fazer negócios. Paradoxalmente, o brasileiro é tido como um dos povos mais criativos e empreendedores do mundo.
            Falando em português claro: para atingirmos o nível de crescimento econômico que almejamos, é preciso libertar quanto antes nossos empreendedores das amarras burocráticas e das leis anacrônicas que tolhem o investimento e a criatividade. Pois, nas memoráveis palavras de John Maynard Keynes (1883-1946), os empreendedores são adotados de “espíritos animais”. Mas nem por isso precisam ficar presos numa jaula.
            Os empreendedores proliferam quando a burocracia é contida, quando os investimentos são incentivados, quando os fracassos são encarados como aprendizado, não como malfeitos. É comum o empresário brasileiro dizer: “Oh, essa burocracia me tira do sério”. Sendo condenado, assim, a mediocridade, num País que não é para amador. E não é mesmo.
            Não é por acaso que a nossa burocracia é chamada de jabuticaba (fruta nativa da Mata Atlântica), símbolo da singularidade brasileira - boa ou má. Lamentavelmente, já se tornou vício burocrático na vida dos brasileiros, com gastos abissais de energia e paciência.
            Veja um bom exemplo dessa jabuticaba brasileira: A pátria do carimbo. Apesar da importância essencial que a burocracia brasileira lhes dá, os carimbos podem ser comprados até em chaveiro. Simples, de madeira, eles custam até 12 reais e não levam mais de meia hora para ser feitos. O receituário de um médico pode ser personalizado, com todos os dados e em papel timbrado, mas, se não tiver carimbo, não valerá.
            Absurdo, não? Vamos a outro. Carteira de identidade, que só serve para controlar o cidadão, é coisa de sociedades totalitárias. O Brasil esculhambou até o totalitarismo: como o sistema não é nacional nem interligado, um falsário pode tirar até 27 carteiras de identidade, uma em cada estado e no Distrito Federal.
            Noves fora, estamos todos aí, firmes e dispostos, matando um leão por dia para enfrentar esse pesadelo chamado burocracia.

                                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                Advogado e mestre em Administração
                                                              
                              

            

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