Até
agora, no blablablá dos debates políticos, não vi de nenhum presidenciável
qualquer menção sobre o pandemônio da burocracia, que tanto trava o nosso
desenvolvimento e que deixa o brasileiro cada vez mais acabrunhado – com sentimento
de angústia e decepção.
É um desalento viver no inferno
burocrático que emperra a vida de todos nós, notadamente, a vida dos nossos
empresários. Não é novidade a péssima colocação brasileira em todos os rankings
internacionais de melhores países para fazer negócios. Paradoxalmente, o
brasileiro é tido como um dos povos mais criativos e empreendedores do mundo.
Falando em português claro: para
atingirmos o nível de crescimento econômico que almejamos, é preciso libertar
quanto antes nossos empreendedores das amarras burocráticas e das leis
anacrônicas que tolhem o investimento e a criatividade. Pois, nas memoráveis
palavras de John Maynard Keynes (1883-1946), os empreendedores são adotados de
“espíritos animais”. Mas nem por isso precisam ficar presos numa jaula.
Os empreendedores proliferam quando
a burocracia é contida, quando os investimentos são incentivados, quando os
fracassos são encarados como aprendizado, não como malfeitos. É comum o
empresário brasileiro dizer: “Oh, essa burocracia me tira do sério”. Sendo condenado,
assim, a mediocridade, num País que não é para amador. E não é mesmo.
Não é por acaso que a nossa
burocracia é chamada de jabuticaba (fruta nativa da Mata Atlântica), símbolo da
singularidade brasileira - boa ou má. Lamentavelmente, já se tornou vício
burocrático na vida dos brasileiros, com gastos abissais de energia e
paciência.
Veja um bom exemplo dessa jabuticaba
brasileira: A pátria do carimbo. Apesar da importância essencial que a
burocracia brasileira lhes dá, os carimbos podem ser comprados até em chaveiro.
Simples, de madeira, eles custam até 12 reais e não levam mais de meia hora
para ser feitos. O receituário de um médico pode ser personalizado, com todos
os dados e em papel timbrado, mas, se não tiver carimbo, não valerá.
Absurdo, não? Vamos a outro.
Carteira de identidade, que só serve para controlar o cidadão, é coisa de
sociedades totalitárias. O Brasil esculhambou até o totalitarismo: como o
sistema não é nacional nem interligado, um falsário pode tirar até 27 carteiras
de identidade, uma em cada estado e no Distrito Federal.
Noves fora, estamos todos aí, firmes
e dispostos, matando um leão por dia para enfrentar esse pesadelo chamado
burocracia.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre
em Administração
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