segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Balcão de negócios

       Segundo o governador Ricardo Coutinho, “a política, este ano, está mais promíscua do que nunca. Transformaram a política num verdadeiro balcão de negócios”. Podem estrebuchar a classe política, mas é a dura e a triste realidade. É, sim, uma situação deplorável e vexatória. Daí a minha profunda indignação diante desse episódio.
            Não estão vendo, não? Só masoquismo, a falta de consciência política ou a obtenção de vantagens pessoais explicam a sobrevivência de tantos abutres encastelados nas Casas Legislativas e nos governos. Ah, claro. Eis a razão para o eleitor brasileiro está bolado. Não sabe mais em quem quer votar.
            Outro dia, um amigo me disse que levaria para o túmulo uma chaga impossível de cicatrizar: ética e moralidade na política brasileira. Há mil e uma razão para isso, como se pode verificar todos os dias pelo noticiário, seja de forma explícita ou dissimulada.
            Atitudes assim envergonham a atividade política e, pior, arrastam os poucos (sérios) que restam para a vala comum desse lamaçal escabroso. Do ponto de vista de consciência cidadã, só tenho a lamentar que ainda perdure o princípio do “toma lá dá cá”. Pelo jeito, infelizmente, a ética não é uma questão decisiva para eleger ou deixar de eleger no Brasil.
            A bem da verdade, não há pudor ideológico, tanto a direita e a esquerda. Chico Science, outro pernambucano de morte precoce, cantava: “Só tem caranguejo esperto saindo deste manguezal”.  
            É sério. Pelo andar da carruagem, ou melhor, do bonde, ou ele descarrega de vez ou desce ladeira baixo atropelando a tudo e a todos. Portanto, nunca é demais manter os olhos bem abertos e exercer o bom hábito da denúncia. Sem o resgate ético, seremos entulhos de uma democracia falida.
            Ao ver isso dá vontade soltar o verbo. As favas com o bom-mocismo! Cabe, aqui, o registro de um articulista político quando diz que o Brasil está doente, muito doente. É uma doença degenerativa de natureza moral que afeta a inteligência, mas sua metástase se espalha até o mais longínquo órgão saudável e o contamina.
            E, mais uma vez, recorro ao poetíssimo Drummond: E agora, José?! Enquanto a “Reforma Política” não chega, o momento é este, da eleição, para varrer da vida pública políticos de práticas abomináveis que desonram o País e aviltam os bons costumes na política.
           

                                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                     Advogado e mestre em Administração

             

            

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