Segundo
o governador Ricardo Coutinho, “a política, este ano, está mais promíscua do
que nunca. Transformaram a política num verdadeiro balcão de negócios”. Podem
estrebuchar a classe política, mas é a dura e a triste realidade. É, sim, uma
situação deplorável e vexatória. Daí a minha profunda indignação diante desse
episódio.
Não estão vendo, não? Só masoquismo,
a falta de consciência política ou a obtenção de vantagens pessoais explicam a
sobrevivência de tantos abutres encastelados nas Casas Legislativas e nos
governos. Ah, claro. Eis a razão para o eleitor brasileiro está bolado. Não
sabe mais em quem quer votar.
Outro dia, um amigo me disse que
levaria para o túmulo uma chaga impossível de cicatrizar: ética e moralidade na
política brasileira. Há mil e uma razão para isso, como se pode verificar todos
os dias pelo noticiário, seja de forma explícita ou dissimulada.
Atitudes assim envergonham a
atividade política e, pior, arrastam os poucos (sérios) que restam para a vala
comum desse lamaçal escabroso. Do ponto de vista de consciência cidadã, só
tenho a lamentar que ainda perdure o princípio do “toma lá dá cá”. Pelo jeito,
infelizmente, a ética não é uma questão decisiva para eleger ou deixar de
eleger no Brasil.
A bem da verdade, não há pudor
ideológico, tanto a direita e a esquerda. Chico Science, outro pernambucano de
morte precoce, cantava: “Só tem caranguejo esperto saindo deste manguezal”.
É sério. Pelo andar da carruagem, ou
melhor, do bonde, ou ele descarrega de vez ou desce ladeira baixo atropelando a
tudo e a todos. Portanto, nunca é demais manter os olhos bem abertos e exercer
o bom hábito da denúncia. Sem o resgate ético, seremos entulhos de uma
democracia falida.
Ao ver isso dá vontade soltar o
verbo. As favas com o bom-mocismo! Cabe, aqui, o registro de um articulista
político quando diz que o Brasil está doente, muito doente. É uma doença
degenerativa de natureza moral que afeta a inteligência, mas sua metástase se
espalha até o mais longínquo órgão saudável e o contamina.
E, mais uma vez, recorro ao
poetíssimo Drummond: E agora, José?! Enquanto a “Reforma Política” não chega, o
momento é este, da eleição, para varrer da vida pública políticos de práticas
abomináveis que desonram o País e aviltam os bons costumes na política.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre
em Administração
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