terça-feira, 5 de agosto de 2014

O drama dos congestionamentos

       No último domingo, enquanto passeava com a minha cachorrinha Baby pela calçada da praia de Manaira, escutei um pedaço de conversa de dois senhores. O primeiro comentou: “Até quando vamos dar um basta nesse trânsito caótico na cidade?”. O segundo respondeu: “Isso só ocorrerá no dia em que os nossos gestores políticos tiverem coragem e competência para enfrentá-lo”.
            Como Baby quis continuar o passeio, tive de interromper minha bisbilhotice. Mas segui pensando sobre as razões que levam os referidos cidadãos a especularem sobre a problemática do trânsito que diariamente nos infernizam.
            Temerário fazer esse comentário nesse espaço tão curto. Porém, de forma breve, devo dizer que, nas últimas décadas, observa-se como o automóvel passou a dominar as ruas, com o pedestre e o transporte público sendo gradativamente desvalorizados.
            É estarrecedor constatar que algumas das nossas cidades não estão longe do colapso, resultado da inexistência de políticas integradas de transporte, uso e ocupação do solo. Os efeitos colaterais do modelo que adotamos, centrado no carro, são visíveis: degradação de meio ambiente, caos no trânsito, perda de produtividade, número crescente de mortes no trânsito e piora na qualidade de vida. Tem mais: a circulação urbana no Brasil é insegura e morosa demais, consequência de quase um século de altos recursos mal investidos.
            No plano doméstico, vejo com satisfação às medidas de engenharia que estão em curso para atenuarem os problemas de congestionamentos do trânsito em nossa João Pessoa. Não é fácil.  E a razão é simples: a frota de veículos no País não para de crescer, como um aumento assustador de 100% em dez anos (2002 a 2012), segundo documento produzido pelo Ministério do Meio Ambiente. Hoje, o índice de motorização é de 66,2 veículos por 100 habitantes. É insustentável e impossível, sob o ponto de vista físico, aumentar a infraestrutura viária para absorver proporcionalmente a esse crescimento.
            Contam-se nos dedos de uma mão as cidades de médio e de grande porte que não tenham problemas com o trânsito. A solução, para isso, passa pela política de rodízio, de estacionamento, fim de subsídios ao combustível e pedágio urbano. Essas medidas, por sua vez, devem estar atreladas com o investimento contínuo em transporte público de qualidade e da requalificação do espaço público para o pedestre e para o ciclista.
            Só quero dizer mais uma coisa: a mobilidade é a chave para cidades com mais qualidade de vida e menos desigualdades. O resto é teoria.

                                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                    Advogado e Administrador de Empresas
               

                

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