segunda-feira, 28 de julho de 2014

A volta do vinil

       Não é à toa que bate em mim uma saudade danada e uma alegria saber que o disco vinil, aos poucos, está retornando ao mercado. Para os seus aficionados, a volta mais bacana do vinil é transformar a paixão pela música em algo mais tátil.
            Achava interessante aquela coisa de lado A e lado B. O disco de vinil, ao contrário do CD, era tratado como rei. Colocado dentro de um saco plástico e depois dentro da capa de papelão, formato quadrado de 30 por 30 centímetros, com a ilustração e a foto majestosa do artista.
            Um detalhe que era (e ainda é) inconcebível: não podia acomodá-lo de qualquer jeito. O certo era colocar o disco na posição vertical, senão poderia empenar e, consequentemente, ficar pulando, estragando a audição.
            Curti muito o vinil na minha juventude. Ele tinha o ritual inconfundível, a coisa física, a interação. Exigia ação e não passividade. Para muitos, um sonho, um retorno a uma maneira mais íntima e completa de se relacionar com a música. Por isso, conservo ainda na minha estante, com muito carinho, uma boa quantidade dessas obras de arte.
            Ah, claro. Para quem acompanhou a época dos velhos discos de vinil, é impossível evitar um sentimento de saudade e perda ao recordar os estabelecimentos localizados em nossa cidade, notadamente nas Avs./Ruas General Osório, Miguel Couto e Duque de Caxias, que acabaram sucumbidos ao avanço da pirataria e aos downloads disponibilizados pela internet. Deixando um vazio da plasticidade e da sonoridade que presenciávamos nas lojas.
            A bem da verdade, com o fim do vinil, as músicas ficaram descartáveis. A nova geração não tem a mesma cultura de cultivar o trabalho dos artistas comprando seus discos, sem dar importância aos encartes e a mídia física; e os DJs começam a utilizar notebooks pela praticidade, abandonando de vez os discos. Triste desprezo, não é mesmo?
            Nos Estados Unidos e na Inglaterra, os números das vendas de LPS não param de crescer. No país norte-americano, em 2013, foram 6 milhões de “bolachas” vendidas, mais de 30% de crescimento em relação ao ano anterior. No Reino Unido, o aumento do mercado foi também considerável: 30% maior em 2013, com 780 mil discos adquiridos.
            Por aqui, igualmente, essa performance não foi diferente. No ano passado, a Polyson, única fábrica de vinis em larga escala da Américas Latina, sediada no Rio de Janeiro, prensou quase 59 mil LPS – 23.017 unidades a mais que em 2012, um impressionante crescimento de 63%.
            Como se vê, o vinil não é só um artefato para ardorosos fãs de música, mas um objeto que tem atraído cada vez mais consumidores.

                                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                            lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                              Advogado e mestre em Administração

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