segunda-feira, 21 de julho de 2014

Publicidade infantil

       Pode parecer uma miudeza ou uma questão banal a estratégia das agências de publicidade utilizar crianças para vender de brinquedos a poupanças bancárias - incentivando o consumismo infantil - mas, felizmente, não é!
            Dito isso, direi mais. O que se verifica é um completo desrespeito à norma. Pois, recentemente, foi publicada a resolução nº. 163 do Comanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) que passou a considerar abusiva toda e qualquer publicidade ou comunicação mercadológica dirigidas ao público infantil com menos de 12 anos.
            Não é novidade que a publicidade e a comunicação mercadológica que se dirigem diretamente às crianças, além de ilegais, são antiéticas e imorais. Aproveitam-se da peculiar fase de desenvolvimento dos pequenos, justamente quando não conseguem entender o caráter persuasivo das mensagens ou mesmo diferenciar o conteúdo de entretenimento do comercial.
            Há poucos dias li sobre o documentário “Criança, a alma do negócio”, dirigido por Estela Renner, onde uma mulher, à frente de um grupo de crianças, fala em voz alta: “Aqui tem dois papéis, em um está escrito brincar, e em outro comprar”. Mal ela termina de falar, coloca os papéis no chão, e as crianças se debruçam para escolher qual dos dois elas mais gostam: 3 colocam a mão sobre o papel escrito comprar, 2 sobre o brincar.
            O filme mostra uma realidade chocante em que muitos não estão atentos: a sociedade em que vivemos, por meio principalmente da publicidade, criou uma geração de crianças fanáticas por consumo, que estão deixando para trás aspectos importantes da infância para se dedicar a um hábito que antes era próprio dos adultos.
            Para o mercado publicitário, é muito mais fácil fixar uma marca na cabeça de uma criança do que na de um adulto, então vale tudo para chamar a atenção dos pequenos: animações, atores mirins, jogadores de futebol, apresentadoras etc. De bonecas a plano de celular, tudo deve focar a criança.
            É sério. Estudiosos ligam a prática de assistir muita televisão durante a infância ao grande número de casos de obesidade infantil, ao estímulo à violência, consumismo e perda do potencial criativo das crianças. Tudo isso está ligado a um mercado milionário e perverso: o da publicidade infantil.  Cheio de gracinhas e vazio de conteúdo. Tudo esperteza, claro.
            De qualquer forma e sorte, é bom todo mundo ficar alerto e esperto contra o assédio às nossas crianças. Quem não gostar, que se dane?


                                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                                      Advogado e mestre em Administração


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