quinta-feira, 29 de maio de 2014

Exemplo de política social

       Recentemente estive nos Estados Unidos, notadamente nas cidades de Nova York e Washington, e não vi mendigos e moradores de rua perambulando pelas calçadas e praças. Logo me veio à pergunta: Qual tipo de política que eles (os americanos) adotam para resolver essa desigualdade social?
            A lição é simples: O governe americano e ONGs investem grandes somas em programas que dão moradia a sem-teto, em vez de abrigo temporário. Veteranos de guerra, ex-drogados e doentes mentais recebem apoio para reintegração à vida comum, e o país vê queda no número de pessoas em situação de rua, apesar da crise econômica.
            O interessante notar que eles tabulam a localização dos sem-teto, identificam lideranças entre essas pessoas, usam perguntas “motivacionais” ensaiadas para quebrar a resistência, levam roupas, cobertores e sopa quente para iniciar a aproximação. E, de fato, oferecem moradia permanente.
            A política hoje dominante para atender os sem-teto é a chamada “housing first” (primeiro, casa). Desde 2010, o Departamento de Habitação do governo americano tem investido US$ 2 bilhões (cerca de R$ 4,7 bi) por ano para patrocinar vouchers social visando pagamento de aluguel e programas de “habitação social de apoio permanente” organizados por centenas de ONGs pelo país.
            Há 300 mil pessoas atualmente vivendo com vouchers do governo e com assistência social – eles são quase a metade dos 615 mil americanos em situação vulnerável de perder o teto. Segundo o secretário-assistente do Departamento de Habitação, Mark Johnston, os albergues são necessários como “primeiros socorros”, mas que os sem-teto crônicos precisam de atenção especial.
Conclui dizendo, categoricamente, que seus programas são investimento. Pois um sem-teto pode custar US$ 40 mil por ano aos cofres públicos enquanto está na rua. Uma ambulância custa no mínimo US$ 1 mil, uma noite no setor de emergência de um hospital custa US$ 1,5 mil. Em um mês, um presidiário custa aos cofres públicos US$ 3 mil, muito mais caro que o aluguel.
Sendo sabedor dessa experiência, leva-me a meter o bedelho nessa história: o Brasil é um país maduro e importante – não pode continuar aos solavancos. Os problemas urbanos de ordem social existem e devem ser enfrentados para promover a cidadania. Não reconhecer essa realidade beira miopia ou qualquer complexo em solo tupiniquim.
            Não adianta borbulhar em vaidades e dizer que aqui está mil maravilhas. Nossos governantes precisam entender, sem medo de incorrer em eventual equívoco, que é o modo (aqui citado) pelo qual funciona a política social contemporânea.

                                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                             Advogado e Mestre em Administração


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