Esperava minha consorte na saída de
um shopping da cidade, quando presenciei a seguinte conversa entre dois jovens:
“Véio, os caras do mensalão foram presos. Quem diria, hein?”.
Esse sentimento não é só dos jovens,
mais de todos os brasileiros, honesto e trabalhador. Afinal, até então, a
cadeia no Brasil não era lugar para políticos e empresários bem-sucedidos.
Afinal, como discordar do ministro Joaquim Barbosa quando diz que, para ir
preso no Brasil, “é preciso ser muito pobre e muito mal defendido”.
Puxa! As prisões dos condenados no
mensalão foram um imenso exemplo cívico. Segundo o meu amigo Cordeiro, com seu
humor corrosivo, sobre esse acontecimento: “Além da prisão, foi um chute no
saco dos políticos”. E foi mesmo.
Porém, embora no frigir dos ovos, a
política (com “p” minúsculo) continua a fazer bem à saúde. A coisa é tão boa
que quem entra não quer sair, quem está fora quer entrar e quem saiu luta para
voltar. Desesperadamente. Além disso, leva a democracia ficar manca quando o
Estado oferece dinheiro público e acesso ao rádio e à TV para elegerem os
“profissionais” da política. O povo brasileiro não merece isso!
Vendo tudo isso, me rebelo: Deus, ou
melhor: a Justiça, foi injusta em pôr na cadeia apenas os mensaleiros. Tem mais
gente, e como tem, praticando todo tipo de estripulia de desvio ético que
merecia estar preso. Ademais, a Justiça brasileira fez o básico ao cumprir a
lei e colocar na cadeia os antigos arautos da moralidade.
Minha filha Larissa, que reside e
estuda na Austrália, vibrou com a decisão do STF, após os réus do mensaleiro
tentarem por oito anos transformar a operação criminosa em “crime político”.
Ela, frequentemente, nos assevera: “Aqui na Austrália tudo funciona. Hospital
público, transporte público... Aqui, tudo que é público, incluindo dinheiro,
tem de ser respeitado. Ah, que pena, o meu Brasil não ser assim”.
Sinceramente, nada mais amador e sem
graça às cenas de pastelão protagonizadas por José Dirceu e José Genuíno, com
um dos punhos cerrado e dizendo-se indignados com a Justiça brasileira. Nesse
gesto, a expressão “piada de salão”, ironizada por Delúbio Soares (em alusão à sua
peça acusatória), cai como uma luva.
Como não tenho mais muito espaço,
apenas apelar para que o nosso povo vote consciente para não pôr no poder novos
delinquentes usurpadores da ética, do erário e da dignidade da nação.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e Administrador de Empresas
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