segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Papel de vilão



            O preceito entre o bem e o mal permeia a história da humanidade. Porque não dizer que é a base da Bíblia e de boa parte das religiões. E que continua presente na vida da gente até hoje.
            Vejam bem. E quando partimos para a ficção, seja no teatro, cinema e telenovela, a turma da maldade é capaz de deixar qualquer cidadão de bem de cabelo em pé. Em geral no papel de antagonista do bom-moço da trama, são eles, com suas artimanhas e malandragens, que dão ritmo e fazem a história acontecer. Sem falar que eles ficam literalmente gravados em nossos neurônios.
            Agora é moda: todo bom artista luta para conseguir um papel de vilão, mesmo que, muitas vezes, o ator ou atriz esteja sujeito a levar umas bolsadas dos espectadores indignados ao se cruzarem pelas ruas. Mas, entre meias verdades ou não, essas histórias de miudezas cotidianas se repetem.
            O vilão, conforme alguns críticos de cinema, é sempre um personagem mais fascinante e sedutor. Ele acaba provocando uma reação mais forte do que o herói. O ser humano adora o lado negro da força, o lado B da personalidade humana. Se observarmos, mais detidamente, ele é um personagem mais dominador, mais engraçado e o mais bem-vestido.
            Assim, alguns escritores dizem que, para criar os seus personagens, buscam inspiração em nossa realidade. Cenário este é o que não falta aqui no Brasil. Quem não se lembra da novela “Vale tudo”, exibida pela Globo entre 1988 e 1989. Era aquele “muído”: quem matou Odete Roitman? Desde que a tirana e milionária personagem vivida por Beatriz Segall foi morta com três tiros, não se falava outra coisa.
            Durante a trama, escrita por Gilberto Braga, a megera manipulou quem foi necessário para alcançar seus objetivos. Escroque debochada que, além de provocar todo tipo de falcatrua, demonstrava um profundo desprezo pelos pobres e pelo Brasil. Até hoje, apesar de ser uma grande atriz, ela é apenas lembrada pelo seu papel de mal nessa novela. Recentemente, defendendo o seu personagem, afirma: “Odete Roitman diz maldades sinceras”.
            Infelizmente para nós, cidadãos, e felizmente para os escritores, estamos numa época em que as patifarias da política e o desvio de conduta de seguimentos da sociedade são ingredientes mais do que perfeito para uma boa ação teledramática. É por isso que estou desconfiado de que estamos com o pé enfiado na jaca da degradação social, com tradução perfeita através da “câmara, ação!”.
            Em tempo: já pensou quando for lançado o filme ou a novela sobre “O Mensalão” a quantidade de artistas lutando para interpretar o personagem polêmico, amado e odiado de José Dirceu? Vai ser aquele frenesi.
           
                                                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                                Advogado e Administrador de Empresas

               

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