O preceito entre o bem e o mal
permeia a história da humanidade. Porque não dizer que é a base da Bíblia e de
boa parte das religiões. E que continua presente na vida da gente até hoje.
Vejam bem. E quando partimos para a
ficção, seja no teatro, cinema e telenovela, a turma da maldade é capaz de
deixar qualquer cidadão de bem de cabelo em pé. Em geral no papel de
antagonista do bom-moço da trama, são eles, com suas artimanhas e malandragens,
que dão ritmo e fazem a história acontecer. Sem falar que eles ficam literalmente
gravados em nossos neurônios.
Agora é moda: todo bom artista luta
para conseguir um papel de vilão, mesmo que, muitas vezes, o ator ou atriz
esteja sujeito a levar umas bolsadas dos espectadores indignados ao se cruzarem
pelas ruas. Mas, entre meias verdades ou não, essas histórias de miudezas
cotidianas se repetem.
O vilão, conforme alguns críticos de
cinema, é sempre um personagem mais fascinante e sedutor. Ele acaba provocando
uma reação mais forte do que o herói. O ser humano adora o lado negro da força,
o lado B da personalidade humana. Se observarmos, mais detidamente, ele é um
personagem mais dominador, mais engraçado e o mais bem-vestido.
Assim, alguns escritores dizem que,
para criar os seus personagens, buscam inspiração em nossa realidade. Cenário
este é o que não falta aqui no Brasil. Quem não se lembra da novela “Vale
tudo”, exibida pela Globo entre 1988 e 1989. Era aquele “muído”: quem matou
Odete Roitman? Desde que a tirana e milionária personagem vivida por Beatriz
Segall foi morta com três tiros, não se falava outra coisa.
Durante a trama, escrita por
Gilberto Braga, a megera manipulou quem foi necessário para alcançar seus
objetivos. Escroque debochada que, além de provocar todo tipo de falcatrua,
demonstrava um profundo desprezo pelos pobres e pelo Brasil. Até hoje, apesar de
ser uma grande atriz, ela é apenas lembrada pelo seu papel de mal nessa novela.
Recentemente, defendendo o seu personagem, afirma: “Odete Roitman diz maldades
sinceras”.
Infelizmente para nós, cidadãos, e
felizmente para os escritores, estamos numa época em que as patifarias da
política e o desvio de conduta de seguimentos da sociedade são ingredientes
mais do que perfeito para uma boa ação teledramática. É por isso que estou
desconfiado de que estamos com o pé enfiado na jaca da degradação social, com
tradução perfeita através da “câmara, ação!”.
Em tempo: já pensou quando for
lançado o filme ou a novela sobre “O Mensalão” a quantidade de artistas lutando
para interpretar o personagem polêmico, amado e odiado de José Dirceu? Vai ser
aquele frenesi.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador
de Empresas
Nenhum comentário:
Postar um comentário