No último domingo valeu por um
programa de rádio que fez um tributo a Raul Seixas e que me arrepiou, me
transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento
com pessoas que são importantes pra mim.
Passados 24 anos de sua morte
(1989), ele continua sendo uma das principais referências musicais do rock
nacional. O artista, que já era um ídolo para as gerações dos anos 70 e 80,
virou um mito inclusive para parte daqueles que sequer haviam nascido quando o compositor
levava platéias ao êxtase.
O sucesso de Raul junto às novas
gerações pode ser atribuído, em parte, a ausência “de um sentido de vida que vá
além dos limites do troglodita capitalista que só quer consumir e se recusa a
sentir e a pensar. Por isso, que uma boa parcela da juventude atual volta os
seus olhos para os ídolos de um passado que produziu um sentido de vida”, pontifica
o historiador Luiz Lima, autor de uma tese de dourado sobre Raul Seixas.
A figura do Raul ainda gera
controvérsia. Sua classificação varia de visionário, lunático, sonhador,
esotérico, místico a revolucionário, gênio, profeta e incompreendido. Fato é
que a “Sociedade Alternativa” defendida por ele desagradou a ditadura civil
militar que o prendeu e o torturou. Com altivez: pôs o dedo na hipocrisia, sem
dar espaço para embromation.
A trajetória desse artista talentoso
e anárquico é marcada por 21 LPs, contratos com as maiores gravadoras do
Brasil. Com sua rebeldia, compôs músicas que se tornaram clássicos, como Maluco
Beleza, Gita, O Trem das 7, Metamorfose Ambulante, Ouro de Tolo, Al Capone,
entre tantas outras.
Alguns estudiosos identificam Raul como
anarquista na exata medida em que detona o bom-senso e o senso-comum,
fundamentos da ideologia das classes médias burguesas. Pessoalmente, penso que
sim, que seu visual, canto e ritual criavam um diferencial, um distanciamento,
uma instabilidade que percorre como uma flecha aqueles que, para usar uma gíria
dos tempos de Raulzito, não “trasam” bem essa idéia de poder.
Sim, Raul é um trovador, como Bob
Dylan nos Estados Unidos. Também transita na grande produção cordelista. É um
dos personagens preferidos dessa obra cultural, só perde para Lampião.
Folhetins engraçados, como “O Encontro de Raul Seixas com John Lennon no Céu”;
“O Encontro de Raul Seixas com Zé Ramalho na Cidade de Thor”; “Cowboy Fora da
Lei”.
Enfim, quem já não presenciou numa
festinha, show, baladas e bares do Brasil, no intervalo/pausa, ouvir-se um
grito: “Toca Raul!”. É um bom exemplo da sua atemporalidade.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
Administrador de Empresas
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