segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Histórias da Bossa Nova



Boa parte dos que me leem neste espaço já sabe que sou um apaixonado pela Bossa Nova. Cuja característica marcante de suas músicas era tocar e cantar baixinho em tom quase falado. Tornou-se para mim uma espécie ave rara e fascinante.
            A época áurea da Bossa Nova foi bem no início da década de 60. Pois cantar em seu gênero rendia fama e prestígio. Foi um período muito fértil, onde suas estrelas - como Vinicius de Morais, Tom Jobim, Ronaldo Bôscoli, João Gilberto, Roberto Menescal, Carlos Lira e tantos outros - compunham com uma felicidade pra caramba. Livre e sem amarras.
            As suas canções falam sobre tudo aquilo que seus fãs gostariam de ouvir: o amor, a praia, o mar e tudo isso ficou registrado nos versos de suas belíssimas melodias. A paixão pelas suas músicas, através de textos inovadores e simples, lhes tornou avesso aos critérios ideológicos, mesmo que a opinião da crítica fosse diferente das suas.
            Muita gente diz que a Bossa Nova não teve influência do jazz, mas, segundo Roberto Menescal, teve sim. E mais do que isso, era a maior influência de estilo da sua turma: o copo de uísque em sua mão, o cigarro na outra, a gravata meio frouxa. Fazendo tudo o que der na telha para nosso deleito, admiração e inveja.
            Ele confessa ainda que, em 1960, essa melodia inovadora começou a sair do Brasil e influenciar o jazz, tanto que quando chegaram aos Estados Unidos pela primeira vez, em 1962, todos os músicos bons de jazz tocavam - ou tentavam tocar – Bossa Nova. E de repente, os idealizadores desse movimento musical estavam lá, vendo toda essa turma, de quem eram grandes fãs, gravando as suas canções. Incrível, não?
            Outro dia, bem de manhãzinha, cruzei aqui na praia de Tambaú com um boêmio das antigas cantarolando “O barquinho vai / E a tardinha cai...  Dia de luz, festa de sol”. Aí sentei e matutei um tempão. Parecia o “Pensador de Rondin”. Senti que ele tinha algo a dizer. Eu tinha algo a ouvir. Mesmo distanciando não deixei de lhe olhar, lhe olhar e lhe olhar.
Fiquei, sim, emocionado. Foi nesse momento que a ficha caiu para renovar a minha prazerosa sensação mental por um estilo que até hoje é cultuado e influencia artistas da música. Fenômeno “hors-concours” por ser muito peculiar, pela simplicidade e pelo carisma de sua sonoridade.
            Pensemos: quem diria que aquela música feita sem a mínima pretensão e sem achar que seria algo duradouro, saísse definitivamente da timidez do apartamento da Nara para ganhar o mundo.

                                                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                  lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                   Advogado e Mestre em Administração
               

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