terça-feira, 6 de agosto de 2013

Saudades da Varig



            Voei muito pela Varig. Voar por essa companhia era questão de orgulho e, até chic, cercada de glamour. Seu serviço de bordo era de qualidade, atendimento impecável, segurança nos voos; com destaque às suas aeromoças simpáticas, educadas e elegantes (top Models).
            Hoje é um verdadeiro martírio viajar pelas empresas de viação aérea brasileira.  Uma letargia beirando a irresponsabilidade. É de chorar. Além do atraso e cancelamento nos voos, uma vez no interior da aeronave, o passageiro se espanta ao ver o espaço físico a ele destinado. Trens de subúrbio ou ônibus urbanos são mais espaçosos que a maioria dos aviões. O passageiro obeso ou muito alto sente vontade de descer ali mesmo. Parece que as poltronas foram projetadas para crianças.
            Cabe ainda apontar o extravio constantes de bagagens. O passageiro se sente feliz ao avistar sua bagagem, aparentemente intacta, na esteira de bagagem. Já o cardápio de bordo (cardápio?) está restrito simplesmente a refrigerante, água, suco, barra de cereal e amendoim. Às vezes, somos constrangidos com o aviso de que esse consumo será irremediavelmente cobrado. Sem retoques, fica o estigma de um comportamento indigesto e sarcástico.
            Até há pouco, parecia piada. Mas agora é pra valer. Se brincar, de repente o papel higiênico o passageiro terá que pagar. Recentemente, viajando no trecho de Brasília a Cuiabá, solicitei à aeromoça uma água, e ela, de pronto, perguntou-me:
            -Qual é a forma de pagamento?
            Espantado com a prática mercantil, injuriado lhe respondi:
            -Nossa! A senhora está me cobrando... Não desejo mais. Passou a cede.
            Ela mal me olhou. Limitou-se a dizer:
            -É regra da companhia.
            Depois dessa, como quem diz “fazer o quê?”. Logo pensei: ah, se meu amigo Cordeiro estivesse aqui, retrucaria sem muito lero-lero:
            -Ô, mas que gente mala!
            Isso faz lembrar, com muita saudade, a Varig Linhas Aéreas que chegou a figurar entre as maiores empresas de aviação do mundo, com 127 aviões voando para 36 países, uma rede de hotéis, uma firma de logística, uma de manutenção de aeronaves, estações de rádio de controle aéreo e 20 mil empregados. Ressaltando que as Lojas da Varig no exterior eram consulados brasileiros, pontos de encontros e de atendimentos.
            A Varig é o caso mais rumoroso de falência da história do país. Mas essa uma história (cabeluda) e terá que ser contada noutra ocasião. Ficamos, pois, com a recordação de sua marca publicitária (jingle), exemplo de excelência organizacional: “Varig, Varig, Varig”.


                                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                Advogado e Mestre em Administração

           

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