Voei muito pela Varig. Voar por essa
companhia era questão de orgulho e, até chic, cercada de glamour. Seu serviço
de bordo era de qualidade, atendimento impecável, segurança nos voos; com
destaque às suas aeromoças simpáticas, educadas e elegantes (top Models).
Hoje é um verdadeiro martírio viajar
pelas empresas de viação aérea brasileira. Uma letargia beirando a irresponsabilidade. É
de chorar. Além do atraso e cancelamento nos voos, uma vez no interior da
aeronave, o passageiro se espanta ao ver o espaço físico a ele destinado. Trens
de subúrbio ou ônibus urbanos são mais espaçosos que a maioria dos aviões. O
passageiro obeso ou muito alto sente vontade de descer ali mesmo. Parece que as
poltronas foram projetadas para crianças.
Cabe ainda apontar o extravio
constantes de bagagens. O passageiro se sente feliz ao avistar sua bagagem,
aparentemente intacta, na esteira de bagagem. Já o cardápio de bordo
(cardápio?) está restrito simplesmente a refrigerante, água, suco, barra de
cereal e amendoim. Às vezes, somos constrangidos com o aviso de que esse
consumo será irremediavelmente cobrado. Sem retoques, fica o estigma de um
comportamento indigesto e sarcástico.
Até há pouco, parecia piada. Mas agora
é pra valer. Se brincar, de repente o papel higiênico o passageiro terá que
pagar. Recentemente, viajando no trecho de Brasília a Cuiabá, solicitei à
aeromoça uma água, e ela, de pronto, perguntou-me:
-Qual é a forma de pagamento?
Espantado com a prática mercantil,
injuriado lhe respondi:
-Nossa! A senhora está me
cobrando... Não desejo mais. Passou a cede.
Ela mal me olhou. Limitou-se a
dizer:
-É regra da companhia.
Depois dessa, como quem diz “fazer o
quê?”. Logo pensei: ah, se meu amigo Cordeiro estivesse aqui, retrucaria sem
muito lero-lero:
-Ô, mas que gente mala!
Isso faz lembrar, com muita saudade,
a Varig Linhas Aéreas que chegou a figurar entre as maiores empresas de aviação
do mundo, com 127 aviões voando para 36 países, uma rede de hotéis, uma firma
de logística, uma de manutenção de aeronaves, estações de rádio de controle
aéreo e 20 mil empregados. Ressaltando que as Lojas da Varig no exterior eram
consulados brasileiros, pontos de encontros e de atendimentos.
A Varig é o caso mais rumoroso de
falência da história do país. Mas essa uma história (cabeluda) e terá que ser
contada noutra ocasião. Ficamos, pois, com a recordação de sua marca
publicitária (jingle), exemplo de excelência organizacional: “Varig, Varig,
Varig”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Mestre
em Administração
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