Não
é só um pensamento. É a realidade. O Brasil econômico está mudando, as classes
sociais já não são mais as mesmas e os grandes eixos regionais de mercado são
outros. Porém, os projetos malfeitos, licitações irreais, liminares,
corrupções, burocracia e má gestão pública têm contribuído para o entrave do
nosso desenvolvimento.
Ouvi e li opiniões segundo as quais
se trata de um fenômeno, ironicamente chamado jabuticaba, que só existe no
Brasil. O rumo pode está certo, mas problemas persistem. A qualidade da nossa
infraestrutura está em 107º lugar no ranking elaborado pelo Fórum Econômico
Mundial (WEF) com 144 países. Quando se isola a infraestrutura de transporte,
caímos para a 134º posição.
Já nossas ferrovias: 100ª colocação
no ranking do WEF. Enquanto os Estados Unidos transportam por ferrovia 43% da
carga nacional, O Brasil opera na casa dos 26%, com um detalhe: dois terços do
volume são de minério de ferro. Para o resto da economia, os trilhos representam
apenas 10% do movimento.
Quanto às rodovias (valha-me Deus!)
situamos na 123º lugar na classificação do WEF. O estado de conservação da
maior parte da malha rodoviária nacional produz um aumento médio de 28% do
custo operacional dos caminhões, alta de até 5% no consumo de combustível e
queda da velocidade operacional. Não é também diferente no nosso transporte
aéreo onde ficamos na 134ª colocação, abaixo da Nigéria. E nossos portos, em
135º lugar.
Dramático, não? Estamos em alerta
vermelho. Só não vê quem não quer. Mas as autoridades do governo, como o
ministro Aldo Rebelo, no seu tom fransciscano, diz que “o atraso é um de nossos
problemas civilizatórios, faz parte de nossa cultura. Até reunião ministerial
atrasa no Brasil”. Isto é: tipo de justificativa que é uma vergonha! Uma
desfaçatez!
Ademais, vive-se ainda no Brasil uma
cultura do curto prazo. Obra boa é aquela que fica pronta a tempo de ser
inaugurada em ano eleitoral. Essa pressa para começar a obra, paradoxalmente, é
um grande fator de atraso. Sem estudos técnicos de qualidade, o construtor
acaba encontrando imprevistos na execução. Quando isso acontece, é preciso
revisar prazos e orçamentos. As obras, por sua vez, ficam mais caras e mais
demoradas. É o caso escrachado da transposição do rio São Francisco – não
transpôs água, mas apenas verba.
Perda de tempo gastar toneladas de
papel e litros de saliva para tentar explicar o atraso sistemático de obras no
Brasil predominado pela “cultura do atraso”. Isso acarreta barulho, sinuca de
bico e dor de cabeça. Com agravante: nossos gestores públicos têm exato
conhecimento dessa mazela, mas não adianta ir à igreja e fazer tudo errado.
É imperioso acabar com a “cultura do
atraso”. É preciso ser hoje. Não dá para deixar para amanhã.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Mestre em Administração
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