Nas
ruas, os jovens, sem papas nas línguas e nos cartazes, denunciaram muito bem as
mazelas e aberrações que vivemos. Deu no que deu. Muita confusão e um pote até aqui de mágoa.
Ora, vejam só. O debate sobre o
preço de passagens e mobilidade urbana acabou gerando a discussão de algo
maior, o mal-estar gerado pelas grandes cidades, com problemas em áreas como
saúde, educação, segurança pública, entre outros temas. São vários estresses,
desde esperar mais de 1h na fila de um banco para pagar uma conta ou ficar
incomunicável por conta das constantes panes no sistema telefônico.
Perplexidade justa. Uma coisa
frenética e louca, que tem levado muita gente que se julga equilibrada perder
os parafusos e fazer muita besteira. A
mim me parece que extrapolou o limite de tolerância. E não adianta fugir da
cidade, mas preparar-se para viver nela, consciente dos valores essenciais como
pessoa (ser humano) e cidadão (ser político).
A bem da verdade, o que ocorre nas
grandes cidades é que tudo está em volta do “negócio”. E que através dele
impõe-se a negociação do ócio, a ocupação, atividade, trabalho, empreendimento
etc. Ou seja, é o que predomina na vida moderna: Qual é o seu negócio? Como diz
o filósofo Antonio Lemos da Silveira: “A cidade não privilegia a pessoa, o
humano. O negócio é mais importante, daí os problemas do trânsito, da
insegurança, do barulho, da destruição da saúde, da falta de alegria e da
infelicidade”.
É preciso atentar para o estresse em
excesso na cidade em que vivemos, uma vez que pode ser um sinal de alerta para
nossa saúde: sentimentos como ansiedade, angústia e sintomas físicos de
adoecimento e insônia. Em decorrência disso pode levar a pessoa desenvolver os
chamados “síndromes do pânico”.
Costumo dizer que o Estado
brasileiro tem relaxado com os problemas da cidade, perdeu a capacidade de
investir até no essencial, e que continua no mesmo mal caminho em que patina há
mais de dez anos. Na esteira da ação de pura marquetagem (produzida pela
máquina oficial de propaganda) tem conseguido esconder, durante todo esse tempo,
do público em geral, dos meios de comunicação e mesmo das cabeças pensantes do
País.
Enfim, o cenário não é de refresco. As
manifestações populares que recentemente agitaram o País foram a primeira onda
de um tsunami de protestos contra a incúria governamental. Uma coisa é certa:
não se resolve o problema da cidade fugindo dela, mas buscando soluções.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado
e Administrador de Empresas
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