Num
de muitos defeitos de fabricação, nasci sem o software do pessimismo. Porém,
não acredito que essa geração de políticos atuais vai temer com a “lei
anticorrupção” (6826/10), já aprovada pela Câmara dos Deputados.
Posso afirmar, sob juramento, sem incorrer
em perjúrio, mesmo transformando a transgressão da corrupção em crime hediondo,
ainda sim, não vai ultrapassar a velocidade que a sociedade tanto deseja. Ela é
como a nossa irônica “jabuticaba” linguística, intrínseca e exclusivamente
brasileira. Cujo
combate (inação) retrato de um País tolo, pasteurizado, chapado na mesmice.
Algo nunca antes visto no Brasil:
surpreendente o “choque” de sensatez, ético e ligeireza que os parlamentares
têm mostrado nos últimos dias. Parece que, em quatro dias, trabalharam mais do
que nos últimos 40 anos. Vamos ver por quanto tempo isso vai durar.
Quem
quer fazer, faz! E só fez, é bom que se diga, em razão do inconformismo que
explode nas ruas com força avassaladora. Massas impõem respeito. Políticos que
até ontem desdenhavam dos radicais do Passe Livre agora juram que apóiam as
manifestações desde criancinhas. Como dizia o velho Ulysses Guimarães, a única
coisa que político teme é o povo nas ruas.
Perguntaram-me: por que a corrupção
deve ser crime hediondo? Ora, tem essa tipificação criminosa porque extermina
centenas de milhares de vida, ao drenar recursos da saúde, da educação, da
segurança e dos projetos de desenvolvimento. “Nunca se roubou tanto neste País”
é uma frase de senso comum ouvida e repetida em diferentes momentos de nossa
história. Vejam: um estudo feito pela Federação das Indústrias de São Paulo
(FIESP), em 2010, indica que o custo da corrupção no Brasil fica entre R$ 41,5
e R$ 69,1 bilhões por ano. Este montante representa entre 1,38% a 2,3% do
Produto Interno Bruto (PIB).
Decerto, há uma sofreguidão
generalizada para combater a corrupção. Uma vez que é a mãe de todos os
problemas que atormentam a sociedade brasileira. Por tais desmandos passam o
suborno e pagamento de propina, fraude em licitações, nepotismo, extorsão,
tráfico de influência, utilização de informação privilegiada para fins pessoais,
compra e venda de sentenças judiciais, recebimento de “presentes”, lavagem de
dinheiro e peculato.
Numa dessas idas à livraria, caiu
uma publicação em minhas mãos. Mostrando (o autor) uma visão com conhecimento
de causa: quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se
converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem medo de errar, que sua
sociedade está condenada.
É
tempo de reflexão. E de ação. É bom que a memória sobre o que está acontecendo
(protestos) continue viva e a cores.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Mestre
em Administração
Nenhum comentário:
Postar um comentário