Aprendi
desde cedo que demoramos vinte, trinta anos para construir um nome respeitado
pela família, pelos amigos e por toda uma sociedade, mas basta uma pisada na
bola para que você acabe com sua respeitabilidade. Porque a vida não tem
rascunho. Não se trata de um caderno do qual você vira a página e os erros
cometidos ficam para trás.
Nada vem por acaso, nada acontece
sem uma razão ou propósito. O estrago nos negócios de Eike Batista, o empresário
do “x”, tem tudo haver com a falta de credibilidade junto aos seus acionistas.
Ao ponto, avaliação de executivos e banqueiros, de que parte dos projetos de
Eike é importante para o País e vai sobreviver, mas na mão de outros.
Vale aqui lembrar uma passagem no
Evangelho de São João, onde está escrito que a primeira providência que Jesus
de Nazaré tomou ao iniciar a sua vida pública foi a de fazer o povo acreditar
em seu nome. Os milagres vieram depois.
A razão para sua derrocada é
simples: com base em alguns bons projetos, Eike (ofuscado pelos holofotes do
Marketing) prometeu resultados exorbitantes, mas não aconteceu. A OGX seria a
“mini-Petrobrás”, a MMX, “mini-Vale”, o porto do Açu, a “Roterdã dos trópicos”,
a OSX, a “Embraer dos Mares”. Como diria meu amigo Cordeiro, com a sua barba
hirsuta e imitando a voz de monge budista: “Esse Eike é um mentiroso
habilidoso”.
Alguns ex-colaboradores o
classificam como megalomaníaco e esbanjador. Ele costumava levar seus
funcionários ao limite, pedindo audácia nos projetos. Quando recebia más notícias,
dizia: “Vocês têm calças curtas”. Tinha uma obsessão desmedida de ser um dia o
maior bilionário do mundo. Mostrava-se arrogante todo momento. “Meu objetivo é
desbancar o Bill Gates em cinco anos”, declarou. Em alusão a outro bilionário, estufou
o peito e falou: “Tenho que competir com (Carlos) Slim. Não sei se vou
ultrapassá-lo pela esquerda ou pela direita, mas vou ultrapassá-lo”.
Parece papo antigo, mas não é. No
mundo corporativo, o dono do futuro tem noção de que sua carreira depende dos
resultados, e aceita ser cobrado. Ele sabe que seu trabalho será avaliado pelo
resultado que conquista. Quando o resultado é ótimo, sua carreira sobe; se for
ruim, entrará em declínio. É a lei do mercado.
Não quero ficar patinando nos
detalhes, mas os maiores pecados de nosso tempo não são os pecados da carne.
Esses são pecados e estão catalogados como tal. Os piores pecados são a
arrogância, a presunção de superioridade, a falta de solidariedade, a
auto-suficiência e a grande vaidade.
Nessa história toda fica uma lição:
viver focado na miragem do resultado imediato, de realização fácil e do êxito a
qualquer preço leva o sucesso converte-se em fracasso.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e Mestre em Administração
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