segunda-feira, 22 de julho de 2013

A queda do empresário "x"



       Aprendi desde cedo que demoramos vinte, trinta anos para construir um nome respeitado pela família, pelos amigos e por toda uma sociedade, mas basta uma pisada na bola para que você acabe com sua respeitabilidade. Porque a vida não tem rascunho. Não se trata de um caderno do qual você vira a página e os erros cometidos ficam para trás.
            Nada vem por acaso, nada acontece sem uma razão ou propósito. O estrago nos negócios de Eike Batista, o empresário do “x”, tem tudo haver com a falta de credibilidade junto aos seus acionistas. Ao ponto, avaliação de executivos e banqueiros, de que parte dos projetos de Eike é importante para o País e vai sobreviver, mas na mão de outros.
            Vale aqui lembrar uma passagem no Evangelho de São João, onde está escrito que a primeira providência que Jesus de Nazaré tomou ao iniciar a sua vida pública foi a de fazer o povo acreditar em seu nome. Os milagres vieram depois.
            A razão para sua derrocada é simples: com base em alguns bons projetos, Eike (ofuscado pelos holofotes do Marketing) prometeu resultados exorbitantes, mas não aconteceu. A OGX seria a “mini-Petrobrás”, a MMX, “mini-Vale”, o porto do Açu, a “Roterdã dos trópicos”, a OSX, a “Embraer dos Mares”. Como diria meu amigo Cordeiro, com a sua barba hirsuta e imitando a voz de monge budista: “Esse Eike é um mentiroso habilidoso”.
            Alguns ex-colaboradores o classificam como megalomaníaco e esbanjador. Ele costumava levar seus funcionários ao limite, pedindo audácia nos projetos. Quando recebia más notícias, dizia: “Vocês têm calças curtas”. Tinha uma obsessão desmedida de ser um dia o maior bilionário do mundo. Mostrava-se arrogante todo momento. “Meu objetivo é desbancar o Bill Gates em cinco anos”, declarou. Em alusão a outro bilionário, estufou o peito e falou: “Tenho que competir com (Carlos) Slim. Não sei se vou ultrapassá-lo pela esquerda ou pela direita, mas vou ultrapassá-lo”.
            Parece papo antigo, mas não é. No mundo corporativo, o dono do futuro tem noção de que sua carreira depende dos resultados, e aceita ser cobrado. Ele sabe que seu trabalho será avaliado pelo resultado que conquista. Quando o resultado é ótimo, sua carreira sobe; se for ruim, entrará em declínio. É a lei do mercado.
            Não quero ficar patinando nos detalhes, mas os maiores pecados de nosso tempo não são os pecados da carne. Esses são pecados e estão catalogados como tal. Os piores pecados são a arrogância, a presunção de superioridade, a falta de solidariedade, a auto-suficiência e a grande vaidade.
            Nessa história toda fica uma lição: viver focado na miragem do resultado imediato, de realização fácil e do êxito a qualquer preço leva o sucesso converte-se em fracasso.


                                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                           Advogado e Mestre em Administração
               

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