segunda-feira, 6 de maio de 2013

O poder dos lobistas



       Quando vejo a movimentação de certos candidatos na disputa (indicação) a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, posso concluir duas coisas sem a mínima possibilidade de errar. Primeira, que os pretendentes não têm lá a qualidade ética que deveriam ter. Segunda, por trás dessa disputa existe a figura implacável do intermediário, o tão conhecido lobista.
            Com tantos caras de pau envolvidos na política, e muitos outros com ligação de diferentes níveis, volta e meia os noticiários trazem à tona o envolvimento de algum lobista na área, marcado por falcatruas, corrupções e pelo tirocínio de “milagreiro”. Tem que ter o auxílio de um glossário, dificilmente entenderá a linguagem praticada intramuros que cerca o mundo dos lobistas, que só existe em solo tupiniquim.       
Em inglês, a expressão lobby (“antessala”, na tradução literal) teve origem nos EUA. Lá são 12 mil profissionais que atuam com lobby, devidamente cadastrados, submetidos um guia de 700 páginas recheado de normas e regras. Presentes acima de U$$ 250 são terminantemente proibidos e passíveis de prisão por cinco anos.
            Os fatos estão aí, incontestáveis. O lobista virou por aqui sinônimo de deslealdade, e não foi à toa - nas últimas 15 operações da Polícia Federal de âmbito nacional, por exemplo, 14 tiveram entre os seus investigados uma pessoa que se apresentava assim, como lobista. Capítulos como esses, de negociatas, troca de favores e conchavos políticos, não apenas estreitaram a linha que separa o público do privado no Brasil, como também jogaram na vala comum o personagem do lobista.
            Há um claro lance de que eles tentam conjurar toda uma paisagem, uma sociedade, um sistema de valores, com a finalidade, única e exclusiva, de atender ao intrigado interesse dos seus clientes-contratantes. Alguns do ramo dizem: “Nós somos a Geni, mas, sem os lobistas, as engrenagens de Brasília não funcionariam”.
            Por essas e por outras, isso é Brasil. Desde 1500 criando dificuldades para vender facilidades. Aí aparece o lobista com um projeto de “levar vantagem em tudo” – essa máxima conhecida como lei do Gerson. Pois, ele é capaz de mapear os pontos fracos dos antagonistas com a precisão de um míssil balístico. E mais: ele é um tipo de coringa, pronto para encontrar soluções por mais cabeluda que sejam os estorvos, os embaraços, os obstáculos...
            Nesse cenário de compadrio e de negociata os lobistas estão em festa: a roleta gira, as cartas são distribuídas, a champagne borbulha e o show não para.


                                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e Mestre em Administração
               

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