sábado, 18 de maio de 2013

Corteo



       Qualquer apresentação do Cirque Du Soleil é inusitada. Porém, o espetáculo “Corteo” exibido por essa trup circense, que assisti recentemente em São Paulo, é algo de extraordinário. De altíssimo registro artístico.
            Um espetáculo que dá vazão ao instinto criativo. O próprio nome, que significa “Cortejo” em italiano, faz referência à comitiva de um velório. Com destaque: o grande e o pequeno, o cômico e o trágico, o imperfeito e o sublime, todos compartilhando o mesmo palco. Um palhaço, por sua vez, imagina sua própria despedida enquanto um anjo só observa. Como os italianos gostam de chamar de “la bella figura” burlesca.
            Caramba! Tudo é bonito, romântico, colorido, suave... Desmanchei-me de emoção. O roteiro não segue uma linealidade. Seus personagens chegam arrebentando. Chegam, chegando, na mistura de sonhos, acrobacias e até algum humor.
            Não precisa de um olhar mais apurado para perceber a beleza dessa festa artística, em grau superlativo. Todas as músicas e falas são tocadas e realizadas ao vivo. A cortina transparente que é erguida nos primeiros minutos do show é pintada à mão.
            O seu mentor e fundador Guy Laliberté diz que seus artistas estão sempre ansiosos para apresentar o “Corteo” – um verdadeiro redemoinho de nostalgia e alegria, que inspira a exaltação e a euforia. E completa: num cenário de sonho banhado em luzes, aparecem os artistas em um divertido cortejo.
            E aqui cabe, permissa vênia, um parêntese: belisquei-me discretamente para saber se eu estava mesmo acordado, e o passado inteiro me invadiu na lembrança à minha época de criança, lá em Cajazeiras, quando assistia a todos os circos tradicionais – com total deleito e admiração.
            Retornando ao assunto. Como não poderia deixar de ser, Cirque Du Soleil tem os componentes hollywoodianos, com uma exibição de representação teatral, de cinema, de televisão, de dança e de interpretação musical. Uma riqueza de arte quase inexplicável. Pois é... Tudo na dose certa.
            O curioso ainda é observar que “Corteo” não é só direcionado às crianças. Em 150 minutos que passam despercebidos, o capricho de produção está em cada detalhe e na precisão quase matemática dos movimentos, que formam uma atração divertida, e nada piegas – muito pelo contrário, como costumamos ver por aí.
            Fantástico! Vale a pena conferir.


                                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                     Advogado e Mestre em Administração

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