Qualquer
apresentação do Cirque Du Soleil é inusitada. Porém, o espetáculo “Corteo”
exibido por essa trup circense, que assisti recentemente em São Paulo, é algo
de extraordinário. De altíssimo registro artístico.
Um espetáculo que dá vazão ao
instinto criativo. O próprio nome, que significa “Cortejo” em italiano, faz
referência à comitiva de um velório. Com destaque: o grande e o pequeno, o
cômico e o trágico, o imperfeito e o sublime, todos compartilhando o mesmo
palco. Um palhaço, por sua vez, imagina sua própria despedida enquanto um anjo
só observa. Como os italianos gostam de chamar de “la bella figura” burlesca.
Caramba! Tudo é bonito, romântico,
colorido, suave... Desmanchei-me de emoção. O roteiro não segue uma
linealidade. Seus personagens chegam arrebentando. Chegam, chegando, na mistura
de sonhos, acrobacias e até algum humor.
Não precisa de um olhar mais apurado
para perceber a beleza dessa festa artística, em grau superlativo. Todas as
músicas e falas são tocadas e realizadas ao vivo. A cortina transparente que é
erguida nos primeiros minutos do show é pintada à mão.
O seu mentor e fundador Guy
Laliberté diz que seus artistas estão sempre ansiosos para apresentar o
“Corteo” – um verdadeiro redemoinho de nostalgia e alegria, que inspira a
exaltação e a euforia. E completa: num cenário de sonho banhado em luzes,
aparecem os artistas em um divertido cortejo.
E aqui cabe, permissa vênia, um
parêntese: belisquei-me discretamente para saber se eu estava mesmo acordado, e
o passado inteiro me invadiu na lembrança à minha época de criança, lá em
Cajazeiras, quando assistia a todos os circos tradicionais – com total deleito
e admiração.
Retornando ao assunto. Como não
poderia deixar de ser, Cirque Du Soleil tem os componentes hollywoodianos, com
uma exibição de representação teatral, de cinema, de televisão, de dança e de
interpretação musical. Uma riqueza de arte quase inexplicável. Pois é... Tudo
na dose certa.
O curioso ainda é observar que
“Corteo” não é só direcionado às crianças. Em 150 minutos que passam
despercebidos, o capricho de produção está em cada detalhe e na precisão quase
matemática dos movimentos, que formam uma atração divertida, e nada piegas –
muito pelo contrário, como costumamos ver por aí.
Fantástico! Vale a pena conferir.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e Mestre em Administração
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