domingo, 28 de abril de 2013

Mudanças no Judiciário



            Pode parecer uma obviedade dizer que o quadro geral da Justiça brasileira é conhecido: atulhado de ações e pródiga em medidas protelatórias, não consegue resolver processos com a agilidade e a eficiência que se esperam desse poder.
            Contudo, apesar dos óbices, o que já mudou: criação do CNJ; punições de juíz; metas de julgamento; redução da sobrecarga do STF. O que falta: reforma gerencial; mais conciliação, mediação e arbitragem; corte no estoque de 63,5 milhões de processos; restrição ao excesso de recursos.
            A missão de resolver as questões neste intricado tabuleiro não é simples. Antes da criação do CNJ, os quase cem tribunais do País funcionavam sem nenhuma coordenação, e pouco - às vezes nada - se sabia sobre eles. Não havia certeza sequer a respeito do total de processos, juízes e recursos. Desconhecer esse cenário tem um pouco (ou muito) de intolerância que vem da herança stalinista, marxista, lenista, que embute na cabeça do sujeito a ideia de poder e que sabe tudo.
            Ora, bem. Com relatórios como o “Justiça em Números” o CNJ pôde, por exemplo, criar metas para desatar os nós do Judiciário. Uma delas, de 2009, determinou que deveriam ser resolvidos todos os processos anteriores a 2006. Identificaram-se quase 4,5 milhões de casos, 90% dos quais já foram julgados.
            Em um apanhado cru e honesto verifica-se que as coisas estão mudando. Vejam que os recursos, que há seis anos eram 91% do acervo do STF, agora são 71%. A corte recupera, aos poucos, seu papel constitucional. Em 2011 (último dado disponível), tramitaram quase 90 milhões de ações no País, das quais 25,7 milhões são novas – 7,3% a mais que em 2010. O total de casos baixados (resolvidos numa das instâncias judiciais) chegou a 25,5 milhões.
            Alguns operadores de direito criticam, em tom gozador, que o Judiciário está enxugando gelo. Incapaz de dar conta dos processos novos, acumulado em 63,5 milhões de ações. Esse papo de ampliar simplesmente o número de juízes não é a solução: a relação de magistrados por 100 mil habitantes no Brasil cresceu de 2008 (8,3) a 2011 (8,8), acima da média da América Latina (8,1).
            A olho nu, o que fica evidente é que a burocracia é outro árduo entrave na luta pela eficiência do Poder Judiciário. Coisa de Brasil: criam-se cargos e um aparato administrativo e burocrático sem que os serviços melhorem. Precisamos de um mínimo de racionalidade e bom-senso e que os interesses do jurisdicionado sejam colocados em primeiro lugar.
            Os que fazem o Judiciário têm ainda um longo e duro caminho a percorrer. Não basta ter boas ideias, é preciso saber executá-las de forma rápida, barata e eficiente.


                                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                               Advogado e Mestre em Administração
               

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