domingo, 7 de abril de 2013

Proibição às drogas



       As drogas ilícitas têm sido a “saia justa” de nossas autoridades para resolver (ou atenuar) essa mazela que corrói o tecido social, problematizando com a criminalidade e a violência nos grandes centros urbanos.
            Já me vi várias vezes em meio à discussão sobre o tema, em geral envoltas em preconceito e desinformação. Costumo dizer que a droga é um jogo desigual, cujo alvo principal é a juventude. Aproveitando, assim, essa fase de transformação, do idealismo, da contestação de modelos vigentes, levam os jovens ao estímulo do consumo e da busca pelo prazer.
            Os meios de comunicação, por sua vez, operam nas duas vias, instigando o consumo das drogas lícitas e criminalizando sistematicamente as ilícitas, contribuindo para que prevaleça a desinformação geral sobre o tema – talvez hoje o maior desafio a ser superado no Brasil.
            Os especialistas dizem que o problema é que, quando se trata de uma droga lícita (álcool, por exemplo), as escolas, a mídia e diversas instituições se sentem autorizadas e até estimuladas a falar dos riscos relacionados ao consumo. Entretanto, quando se refere de uma droga ilícita, parece haver espaço apenas para demonizar as drogas, exagerando (e até mentindo) sobre os riscos e danos relacionados ao uso. Isso acaba não sendo eficaz como prevenção, já que as informações são deturpadas.
            Proibição às drogas ilícitas passa a ser questão de polícia e não de saúde. Para o usuário abusivo, que corresponde à minoria do universo de usuários de drogas, o Estado não tem feito o seu dever de casa que é de garantir um tratamento de saúde adequado. A internação forçada seria a última medida a ser tomada, em casos extremos de surto, risco a própria vida ou quando todas as outras formas estejam esgotadas, mas nunca como política pública padrão.
            Gostaria de estar enganado, mas a verdade é que o Estado tenta impor esse método, atualmente, para mascarar sua ineficiência. Baseado, contudo, da idéia alarmista de que existe uma “epidemia do crack”. Ora, fica evidente o equívoco na difusão dessa informação quando vemos que o álcool é responsável por 84% das mortes por uso abusivo de drogas no Brasil. Pergunto: Por que, afinal, não se fala numa “epidemia de álcool”? Logo, essa conversa não cola mais.
            Pincei nos livros para ir em socorro de mim e de muitos. Cheguei à conclusão que para reverte esse quadro o Estado deveria mudar a sua compreensão sobre o tema (de que pobreza, violência, drogas, juventude e criminalidade andam de mãos dadas) e entender o consumo de drogas como uma questão de saúde pública e não simplesmente como crime. Tal como existe para o álcool e o tabaco. Aí está, inevitavelmente, a grande sacada contra as drogas.


                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                            Advogado e Mestre em Administração

               
               
               

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