terça-feira, 23 de outubro de 2012

Transporte urbano

            Quando penso no trânsito caótico, um filme me vem à cabeça: Um Dia de Cão. Nele, Michael Douglas interpreta um americano comum que um belo dia, por causa do trânsito maluco, resolve agredir as pequenas e irritantes mazelas da sociedade.
            Diante de tantos desafios relacionados com a vida no meio urbano, os futuros gestores municipais (prefeitos), principalmente nas cidades de porte médio e grande, terão que encarar e resolver o abacaxi do transporte urbano, a partir daqueles (pouco e pseudo) que beiram às “mentiras sinceras me interessa”, já cantadas por Cazuza.
            É consensual que o espaço público urbano é o bem comum mais importante. O seu (e o meu) modo de sentir a vida. Só que a cidade cresceu e ficou confusa, tornando-se intransitável também. Dos quase 62 milhões de brasileiros que trabalham e voltam para casa no mesmo dia, 7 milhões perdem mais de uma hora em deslocamento, e podendo alcançar duas horas nas regiões metropolitanas das grandes capitais, segundo dados do Censo de 2010. Imagine agora?
            Pela lupa do meu amigo Cordeiro, como sempre inteligente, desbocado e divertido, disse-me: “Ô meu chapa! Transporte coletivo urbano é uma bagunça no Brasil, porque a sua gestão fica na mão das empresas que atuam na lógica da produtividade: mais passageiros pagantes por menos ônibus em circulação”.
            Aqui no meu canto, diria ainda que para tentar dar conta da imensa frota de veículos despejada nas ruas, a saída é não outra que o investimento maciço em transporte coletivo decente, expansão das vias de tráfego, pedágio urbano para carros, implantação do transporte cicloviário, rodízio de carros, adotar o transporte alternativo e por em prática uma central de inteligência para o trânsito. Reconhecendo, porém, que é difícil tirar a classe média do seu automóvel oferecendo um serviço opcional de baixa qualidade – um pote até aqui de mágoa, conforme queixa dos usuários de ônibus.
            Uma coisa, entretanto, parece óbvia: vivemos hoje uma política de espaço urbano que é antidemocrática. Ela privilegia escancaradamente o transporte individual frente ao coletivo, a bicicleta e aos pedestres. Taí a redução do IPI, promovida pelo governo federal, com a promessa de aquecer a economia, cujo resultado foi o emplacamento de mais de 2 milhões de veículos apenas no primeiro semestre de 2012, dados da Fenabrave. Onde já se viu isso?
            Afinal, as soluções existem, aos montes. Basta ter estudos, projetos, conhecimentos e especialistas nas inúmeras questões urbanas. Ou então: dançamos!


                                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                     Advogado e Administrador de Empresas
               

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