terça-feira, 9 de outubro de 2012

Combate à corrupção

       É enfadonho voltar ao mesmo tema, mas se faz necessário em razão dos resultados da eleição, onde os futuros gestores municipais passarão a ter um papel importante no combate à corrupção – praga que contamina todo o tecido social e todas as instâncias da esfera governamental.
            Convenhamos, a corrupção só será vencida com o fortalecimento das instituições públicas. Mais do que reprimir, é imprescindível prevenir. Eu enxergo essa expectativa com otimismo. Exemplo disso são as decisões do nosso STF em relação aos envolvidos (réus) do “mensalão”, que desprezam a boa conduta, num verdadeiro clima de gangsterismo.
            Voltando os olhos para essa realidade, o ministro Celso de Melo classificou a corrupção como “perversão da ética do poder e da ordem jurídica”. O seu (e o meu) há um ponto em comum nesse esquema: o prejuízo ao cidadão, que paga seus impostos e recebe um serviço inadequado. Fato incontroverso, é claro!
            Temos que acabar com essa brincadeira de que vivemos no País da piada pronta, como diz o humorista José Simão. De boas intenções o inferno está cheio. A rigor, pode-se dizer (bem, eu vou dizer) que muito desse estado de coisa deve-se ao modelo eleitoral (e não a justiça) que está rigorosamente falido.
            Li recentemente relato de um prefeito da cidade do interior do Estado de São Paulo, ao ser entrevistado por um jornalista, que buscava saber como ele conseguiu recurso para construir um hospital de “primeiro mundo”, tão festejado e reconhecido por toda a região. Verba do Ministério da Saúde? Patrocínio de um fundo de pensão? Ajuda do Eike Batista?
            Ora, nada disso. O prefeito revelou que, desde que tomara posse, não roubara nem deixara ninguém roubar. Outros prefeitos pagavam de 20% a 30% de comissão aos intermediários. Dessa maneira, fez com que canalizasse esses recursos de volta ao orçamento de que dispunha. Dando, assim, para fazer o famoso hospital e outras coisas mais.
            Sou daqueles que comungam com a opinião do historiador Capistrano de Abreu, que a Constituição Federal deveria conter apenas um artigo: “Todo brasileiro deve ter vergonha na cara”. É um sentimento grotesco, mais valioso, para que possamos virar a mesa... Combatendo os “mequetrefes” (a palavra da moda) da política da máxima cínica do “toma lá dá cá”.
            Aos novos prefeitos, um lembrete audacioso, democracia rima com transparência. E que a Carta Magna é a bússola no caminho do sucesso.


LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas


 

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