segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Irrealismo dos preços de imóvel

       É um sentimento estranho. Contraditório. Confuso. Assim como vejo os anúncios imobiliários nos jornais. Do tipo: Compre imóvel, o melhor negócio. Dinheiro garantido, e outros blábláblás. Nesse ambiente fértil, todo cuidado é pouco antes de optar por essa modalidade de investimento. Estudo conduzido por pesquisadores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta possibilidade concreta de existência de uma bolha no mercado de imóveis no Brasil, que pode estourar com a possível elevação dos juros.
            É miopia, e dar um tiro no pé quem pensa fora desse contexto. Por outro lado, não falta quem jure de pés juntos que isso é conversa pra boi dormir. Sem se valer de eufemismo e outros contorcionismo verbais do economês, bolhas de preço, tradicionalmente, são infladas pelo crescimento acelerado da oferta do crédito. Atualmente, esse crescimento é registrado no setor habitacional brasileiro, impulsionados pelos programas, incentivos e obras do governo federal.
            Apesar da euforia e do estímulo promovidos pelo governo através do programa “Minha casa, minha vida” e os empreendimentos vinculados à Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 e do crédito fácil, os preços dos imóveis têm subido em ritmo muito superior ao da inflação e da renda das famílias. Ou melhor: estão sobejamente irrealista e insustentável.
            Pensando sobre isso, lembrei-me de uma conversa que tive com o meu amigo Cordeiro, sujeito expansivo e gozador, que me falou da sua vasta experiência com corretores. Na hora de comprar o seu último apartamento, todos os argumentos foram a favor.
            -Aproveite. Oportunidade maior não existe.
            -Decida logo, porque existe outro interessado.
            Ocorre que na hora que ele foi vender o mesmo imóvel, o papo foi outro:
            -O mercado caiu muito...
            -Seu imóvel está acima do valor.
            Se não houver um reverteres no futuro, ótimo! Mas é importante que se diga que essa demanda artificial será fatalmente interrompida com a escassez do crédito. Com a economia crescendo tudo é muito bonito e muito fácil. Há que ser mais cartesiano ao sopesar prós e contras da questão. Porém, para exorcizar tal realidade, somente fazendo uso do bom senso e honestidade por aqueles que mercantilizam esses produtos numa sociedade de mercado.
            Exatamente por tudo isso - na compra do imóvel -, não custa nada alertar e evitar para duas situações detestáveis: a ambição e a vaidade.
           

                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                      Advogado e Administrador de Empresas

Nenhum comentário:

Postar um comentário