segunda-feira, 2 de abril de 2012

Demóstenes, que decepção!

            Fiquei um pouco, digamos, “lento no pensamento”, para absorver esse rolo de denúncias cabeludas que se meteu o Senador Demóstenes Torres. Simplesmente - sob à luz do dogma moral - porque depositava nele a confiança de quem apresentava projetos para endurecer leis de combate ao crime e com a bandeira da defesa da ética na política.
            As denúncias bombardeadas em várias frentes são devastadoras e assustadoras. Numa leitura rápida, um Himalaia de provas e evidências vai soterrar esse parlamentar que defendia à moralidade e à cidadania. Àquela sua aparência de homem sério, probo e de comportamento retilíneo foi-se tudo para escanteio – como diria o cantor Morais Moreira.
            Que decepção! Não há meio-termo: desfile de maracutais ultrapassou a fronteira do tolerável. Suas palavras e atitudes, apoiadas num passado de credibilidade no mundo jurídico (promotor e procurador-geral) e como secretário da Segurança Pública de seu Estado (GO), eram respeitadas na cena política nacional. Não mais. Documentos e escutas telefônicas revelaram a sua ligação promíscua com um fora da lei chamado Carlinhos Cachoeira.
            Interessante é que ainda me espanto de me espantar com as notícias sobre os escândalos da política. Assim é demais: estupidez tem limite. O guardião da ética e dos costumes na famigerada “política séria” basta chegar ao poder para desmoralizar até os escândalos. Refletindo melhor, aí concordo com doutor Ulisses Guimarães: “Não é o poder que corrompe o homem; o homem é que corrompe o poder”.
            Aqui no Brasil a corrupção brota como petróleo brota com prospecção. Não é fenômeno novo. Quando era criança, sempre ouvia minha avó dizer: “Político, meu filho, não merece confiança!”. Inadmissível, permissa vênia, engavetar, desde 2009, na Procuradoria Geral da República, sob a apreciação do Dr.Roberto Gurgel, um relatório da PF referente à Operação Las Vegas, no qual é explicitada a ligação entre o senador e o tal Cachoeira.
            Hoje, é quase uma heresia questionar o papel importante da imprensa ao denunciar a quinquilharia suja da política, a qual procura acreditar e defender a política limpa, como sempre deve ser. Fugindo do estereótipo de servir mais ao escracho do que esclarecimento.
            Perdoe-me a obviedade confessional, mas o próximo escândalo, com certeza, virá. E a saída? Só vejo uma saída para a mudança: a voz das ruas.


                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                        Advogado e Administrador de Empresas
                                                      

             
           

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