segunda-feira, 23 de abril de 2012

Queda dos juros

       Com ambição desmesurada pelo lucro, os Bancos são o retrato acabado do brasileiro nascido para ser explorado pelas escorchantes taxas de juros. Perplexidade? Decepção? Irritação? Talvez um pouco de tudo isso.
            Acreditem: É pior que febre esses juros – é peste. Nossa taxa de juros tem sido, por décadas, a mais alta do planeta, e os custos efetivos do crédito para as empresas não têm paralelo no mundo.
            Num País volúvel e bizarro como o nosso, não é de se estranhar como eles, os banqueiros, agem com cinismo, hipocrisia e debocham de seus clientes. Agora, a perguntinha boba: por que os bancos não baixam a taxa de juros? E a resposta ainda mais boba: porque eles querem ganhar mais, e mais – só que, de forma abusiva.
            Preocupada com a desaceleração da economia, a presidenta Dilma, sem meias-palavras, fiel ao seu estilo, determinou que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal reduzissem as suas taxas. No cheque especial e no financiamento de veículos, por exemplo, os juros deverão ser cobrados pelos bancos públicos a metade dos juros praticados atualmente no mercado. Ora, a intenção do governo é forçar os bancos privados a acompanhar a queda, de forma a aumentar a concessão dos empréstimos.
            Não tem como evitar a pecha que se abate sobre os bancos. E tampouco adianta dar conselhos nem tapinhas nas costas dos banqueiros. Ainda mais quando se verifica que, segundo pesquisa feita pela consultoria Economatica, no ano passado o setor bancário foi o de maior volume de lucro entre as empresas de capital aberto, excluídas da amostra a Petrobrás e a Vale. E abocanharam 39,4% do total de lucro obtido pelas 344 empresas avaliadas.
            E não existe a essa estória (e não história) de querer justificar os níveis de “spread” bancário no Brasil apenas pelo argumento de elevação da inadimplência, da existência de tributos ou de compulsórios, sem mencionar as margens líquidas nesses “spreads”, diante dos seus recorrentes recordes de lucros.
            Assim, digo – e não estou só – que não é preciso quebrar a cabeça para vislumbrar que a queda dos juros impulsiona a capacidade de aquecer a economia, por meio do consumo e do investimento.
            Aleluia! Ainda bem que existe uma lamparina no fim do túnel.


                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                        Advogado e Administrador de Empresas

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