segunda-feira, 16 de abril de 2012

O bom jornalismo

       Que beleza, fiquei feliz saber que a jornalista Lena Guimarães voltou ao Correio. Foi através dela que encaminhei os meus primeiros escritos para serem publicados neste espaço – Opinião. Sempre irrequieta na profissão, aura de “batalhadora”, com projetos ousados, diz que vai continuar atender aos leitores: “escrevendo sem ódio e sem medo”.
            Não precisa fazer uma dura ginástica intelectual, mesmo sem ser do ramo, para compreender que o jornalismo que se preze e adote uma linha progressista tem que ter esses fundamentos básicos. Some-se a isso o espírito pluralista dos seus comentários e a originalidade das coberturas.
            Reconheço que não é fácil. Mas quem abraça essa profissão não pode perder a percepção do que é certo, justo, honesto e honrado. Lembrei-me da definição do saudoso maestro Tom Jobim – definitivamente, o Brasil não é um país para principiantes. E complemento, na mesma esteira do jornalismo valente e vibrante, citando o inesquecível Millôr que costumava revelar: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.
            Ah, sim: eu sou do tempo, lá no interior - acho que já falei isso aqui -, que se dizia que jornal servia para embrulhar peixe. Depois, passei a valorizá-lo através de seu escrito, com tinta envenenada e em papel envenenado, na defesa da liberdade, da democracia e do bem comum.
            Não à toa, recentemente publiquei o artigo “Vídeo-bandido”, que poderia ter sido chamado também de “Áudio-bandido”, como sugeriu um leitor, mostrando o papel da imprensa em desbaratar o tal desfile de maracutaias. Apesar de que, no Brasil, todo mundo diz a favor da moralidade pública, mas poucos estão dispostos a pagar o preço de tê-la. Principalmente quando a situação é propícia, no caso os governantes, que substitui as esferográficas surradas pela caneta que nomeia e demite, que faz e desfaz, que nega ou libera bilhões de reais.
            É triste constatar aquele povo que não tem vez nem voz. Quando muito, fica na periferia do assunto. Urge, portanto, uma reforma na concessão e uso dos meios de comunicação de massa, para que, de fato, o povo possa ter acesso à informação não manipulada e a imprensa (não toda) deixe de ser apenas instrumento de lucro, de circo ou de pressão política.
            No mais, só chegaremos ao patamar civilizatório se efetivamente realizarmos uma sociedade mais justa, solidária e igualitária. E a imprensa/o jornalismo é partícipe desse compromisso.


                                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                             Advogado e Administrador de Empresas

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