quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

O Arnaldo da farmácia

 

             Não é preciso ser nenhum cultor em Administração (pública ou privada) nem deitar num divã de psicanalista para entender o sucesso do farmacêutico Arnaldo, o Arnaldo da farmácia. 

            Ora, Arnaldo construiu seu tão conhecido estilo de farmacêutico, uma carreira de mais de 50 anos, pelo seu conhecimento profundo na área da saúde, pela humildade, pela simpatia, pela amabilidade... Em tempos de desalento, ele é uma fonte de referência inspiradora. 

            Nunca mercadejou sua popularidade para entrar no mundo da política, como muitos fazem por aí. Ele tem humor antenado, seu mister profissional de costume é pautado pela sensibilidade de quem está próximo ao cotidiano das pessoas, principalmente os humildes que não têm qualquer tipo de plano de saúde. 

            Não importa, até um hipocondríaco, chato de galochas, que aparece por lá, ele não perde a calma. Sempre mantendo uma postura de equilíbrio e de confiança. Sai de mansinho, contando lorotas que não ofendem nem agridem. 

            Normalmente fica quieto, concentrado, quando está ouvindo a amargura dos seus pacientes. Depois, como um jogador (centroavante) avançado, e, de repente, surge dando um chute estranho, certeiro (na cura). Pois ele sabe a hora exata do chute para não acertar na trave. 

            Não à toa, quando pego aquela gripe forte, já tenho a receita, descanso um pouco em casa, bebo muitos líquidos e tomo algum analgésico, se necessário. Se a coisa apertar, recorro aos serviços do meu amigo Arnaldo. 

            Recentemente peguei outra vez a danada da gripe, graças a Deus sem os sintomas da temível Covid-19. Apressei-me procurar o nosso Arnaldo para tomar aquela injeção à cura que só ele sabe, como ninguém. 

            Chegando ao seu posto de saúde, anexo a sua farmácia, fiz o sinal da cruz (tem horas que só assim mesmo), arriei as calças e expus as nádegas (derrubadas) para receber a temida injeção. É a idade, fazer o quê? 

            Um parêntese particular. Injeção na minha época de garoto ninguém ficava doente, o medo, já curava. Eita lasqueira... Morria de medo. Achava uma tremenda covardia. 

            Caramba! Fechar os olhos (antes de tomar a injeção) era pior. Parecia que eu estava assistindo um filme de terror, um pesadelo macabro. 

            Voltemos ao posto de saúde. Outro paciente, presente ali, arredio e ressabiado a tal procedimento, olhou de soslaio e exclamou: 

            - Ué, vim tomar injeção, não desse jeito (na bunda). Tá louco, meu! 

            Esse é o ambiente de Arnaldo, cheio de histórias, onde ele dá exemplo da sua competência, força de vontade, coragem, preocupação com todos os que o procuram e pela incansável entrega ao próximo. 

 

 

                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA 

                                                   Advogado, Administrador e Escritor 

                                                    

 

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