quarta-feira, 23 de setembro de 2020

A doce Baby

 

             Ainda estamos comemorando o aniversário da nossa Baby. Exatamente no dia 18/9, sexta-feira, quando completou 12 anos de vida. Através do renomado Jornal Correio da Paraíba, em 5/11/2009, publiquei uma crônica onde lhe faço uma justa homenagem.

             Peço licença aos leitores para republicá-la.

             Depois de um dia estafante de trabalho, chego à casa estressado, exaurido, amarrotado, moído, descabelado e monossilábico, sem outro desejo senão ligar a TV e assistir os noticiários jornalísticos, como forma de esvaziar a cabeça. Isso antes. Agora, depois que ganhei de presente dum fraterno amigo a minha carinhosa Baby (poodle, hoje com dois anos), tornou-se diferente às minhas queixas da vida moderna. Traduzindo, assim, tão bem a máxima “Viver é arte do encontro”, sentenciada por Vinicius de Morais.  

           Tenho certeza que Baby é um cão com alma humana. Tem sentidos apuradíssimos. Juntos, desenvolvemos uma profunda afeição um pelo outro, como também um sentimento de extrema confiança, conhecido exemplarmente como fidelidade canina. Nossa! Ainda teimam, segundo a teoria, que o parente mais próximo do homem é o chimpanzé. Não, mil vezes não! Na verdade o mais próximo é o cachorro. 

            Lembro-me, como se fosse hoje, o dia em que adentrei com Baby no apartamento de um hotel, numa dessas minhas viagens a turismo, como bebê ela se fosse, sem que ninguém aperceber-se. Toda enrolada num lençol, com aquele cuidado especial tão bem ordenado pela minha consorte (Socorro). Foi um deus-nos-acuda quando dirigimos à recepção para fazer o intolerável check-in. De repente ela mexeu uma das patas e seus olhos discretamente fitaram os meus, e eu pressenti que estava me chamando. Aproximando-a, no mais perfeito estilo “hollywoodiano”, coloquei a minha mão sutilmente sobre a sua cabeça, e silenciosa ali permaneceu, como entendesse o instante crucial que ora aprontávamos – misto de ousadia e esperteza. 

           Contei essa historinha, caro leitor, apenas para dizer que sou um chato patológico quando alguém usa de grosseria e falta de carinho para com os animais. Especialmente os cães, que não distinguem se seu dono é um mendigo ou um grande estadista. Eles são programados para servir e distribuir afeto. Pesquisas de comportamento mostram que, mais até do que amigos, esses bichos de estimação são atualmente vistos como filhos ou irmãos em boa parte dos lares que os acolhem. Além disso, são antídoto para o ser urbano que enfrenta crise de referências, notadamente os que são escravo da vaidade e da futilidade.  

           Não sabia?! Já estão treinando e educando os cachorros para o futuro. Ou seja: estão ensinando cachorro a ir à restaurante, à supermercado, à cinema. Logo, logo, cachorro estará viajando de avião. Preferência na primeira classe. Pensando bem, até que não é uma má ideia. Eles merecem! 

            Tem mais: reconheço em Baby, com perdão da transgressão, uma alma compreensiva, sempre disposta a oferecer o ombro amigo e ajudar alguém nos momentos difíceis.   

            Pela sua meiguice e inteligência sinto que há no seu íntimo um grande desejo: nascer humano em sua próxima encarnação. 

                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA 

                                                Advogado e Administrador de Empresas 

 

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