Cada escritor tem a sua maneira de expressar
o fascínio pela leitura. Alguns chegam a dizer de que ler é um instrumento
básico para se ter uma boa vida. Ao ponto, também, de dizer que o maior dom é a
paixão pela leitura. É barata, consola, distrai, emociona, dá-nos conhecimento
sobre o mundo e uma enorme experiência.
A livraria é a casa dos
livros, é o lugar do encontro. Infelizmente, as livrarias que sempre foram a
maior fonte da procura de seus ávidos leitores estão, agora, passando por uma
crise financeira sem precedentes. Mas isso é um tema a digerir futuramente.
Na
época de colegial, tinha uma professora chamada dona Marta que reverenciava
demais o hábito pela leitura. Gostava de asseverar que um livro fechado é
apenas um calhamaço de papel. Ainda sentenciava: “Olha, se quiser amigos,
procure-os entre os bons livros: eles são verdadeiros e nunca irão bajulá-lo
nem enganá-lo”.
Não
sou daqueles leitores neuróticos. Não tenho idolatria cega por livros. Tenho a
leitura como uma coisa prazerosa. Nada de obrigação e estroinice. Por isso que
meu amigo Cordeiro, guru da boemia e com sua fina ironia, costuma dizer: “Pô,
há pessoas que lêem demais: são bibliobêbados”. Particularmente, conheço alguns
que estão sempre embriagados por livros, como outros que se encharcam de uísque
ou religião. Eles passam pelas diversões e estímulos do mundo em meio a uma
névoa, sem ver nem ouvir nada.
Quer
saber? Não levo jeito pra ler um livro disponibilizado pela internet –
computador. Por uma razão simples: eu preciso pegar para gostar. Tocar. Sentir
o cheiro. Sejam os livros reflexivos, livros leves, livros de bolso, uns apenas
decorativos, outros essenciais. Afirma-se, não à toa, que a leitura pelo
computador é como sexo sem amor. Acessou, leu, gozou e desligou.
Pensando bem, nada mais falacioso do que o slogan “Pátria Educadora”, no
passado anunciado com júbilo pelas nossas autoridades. Pura enganação. O
incentivo à leitura é uma causa de um país que tem pressa de se educar e se
informar; é causa de todos os que acreditam que as ideias e as palavras podem
mudar o mundo. Daí me veio à aula: a verdadeira pobreza é a ausência de livros.
Sempre
reservo tempo para minha paixão pelos livros. Os amantes de livro me
compreenderão e saberão que parte do prazer de uma biblioteca é a sua
existência. Livros não são peças de decoração, mas não há nada que decore
melhor uma casa.
Quando criança, sonhava ter a
minha própria casa, com uma linda biblioteca. Sonho este conquistado com luta e
muito suor. Vem assim a calhar este admirável tour de reflexão quando se diz
ainda que o livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo
acompanhado.
Tomem nota: não é por acaso que se
assegura que um país se faz com homens e livros.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado, Administrador e Escritor
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