Um
dos setores da nossa economia que mais sofreu, ainda vem sofrendo, por conta
dessa pandemia (Covid-19), é o bar. Já o restaurante, por sua vez, tem a opção
do delivery, mas, o bar, este não.
Como danado alguém vai pedir por
delivery uma lapada de cana, acompanhado com aquele tradicional caldinho de
feijão com charque, ou queijo coalho derretido, ou o escondidinho de carne de
sol.
Sem esquecer: da tal cervejinha
estupidamente gelada ao gosto do freguês, que só in loco o bar tem. Às vezes, ela é carinhosamente atendida por “véu
de noiva”, “capa branca”, “mofada”, “canela de pedreiro” e “cu de foca”.
Não aceito outra escolha. Se
concordarmos que a vida humana é preciosa, não podemos sacrificá-la. O ganho
econômico não deve ser comparado com a perda de vidas. Porém, as autoridades
econômicas têm que socorrer os setores de bar e restaurante, através de linhas
de crédito para capital de giro.
Cruz credo! Olha, jamais vi alguma
coisa parecida. Como diz um amigo, dono de bar, “Tá ruço, mano!”. A esta altura
do campeonato, custa crer que essa atividade, pelas suas características, ainda
vai demorar a funcionar, lamentavelmente. Vem mais choro por aí. Uma situação
insólita ou surreal que o setor vem vivenciando. Mais parece ali é o fastio da
vida.
Uma verdadeira hecatombe (massacre) na
economia desse setor. O cenário é de embasbacar. É um pesadelo. Os pequenos
negócios sempre foram prejudicados por não terem condições financeiras para
garantir os empréstimos aos olhos dos bancos. Não existe apetite para emprestar
ao pequeno. Já não existia, agora (com a pandemia) piorou. No geral não existem
canais, não existe boa vontade, e o crédito fica represado.
Eu sou da época, que antes de ir para
uma boate ou uma festa dançante, tinha que passar num barzinho para dar aquele “esquento”.
Meu velho amigo Cordeiro, boêmio de carteirinha, costuma declarar que o bar é a
celebração da vida. O consolo do perdedor, o pódio do vencedor, o lenço dos que
partiram. Enfim, é sinônimo de festa.
O bar tem essa magia única. Foi o
lar de Picasso e onde Ernest Hemingway teve suas maiores inspirações, após
rodadas intermináveis de Conhaque, Daiquiris e Mojitos. Sou testemunha, em visita
à Havana (Cuba), no “La Bodeguita del
Mero”, através de registros fotográficos, constatei que Ernest era cliente
assíduo desse conceituado/histórico bar. Frenquentado também por Fidel Castro.
Diante de tudo, estou otimista.
Logo, logo, o bar vai se levantar e voltar a ser, como sempre foi, o lugar de
alegria e da arte do encontro das pessoas.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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