quarta-feira, 22 de maio de 2019

Tarefas domésticas


            O mundo, nos últimos tempos, não aceita mais tão bem a figura do Homem com H maiúsculo que até outro dia nos era familiar: o pai provedor da casa, o chefe, o líder inconteste.
            O homem dividindo as tarefas domésticas com as mulheres, ou assumindo papéis outrora femininos, algo hoje comum em certos extratos, ainda causam estranheza no Brasil. Ora, se no Japão e na Coréia do Sul a licença-paternidade se estende por até 52 semanas, no Brasil, que concede cinco dias (em casos especiais, 20), a conversa é mais embaixo, e qualquer avanço nesse campo parece virar uma indesejável “questão de gênero”.
            Estudos mostram que os homens com menos capital intelectual são tradicionalmente mais machistas. Se esse homem não consegue se afirmar dentro da sociedade, tem dificuldade para ter uma relação mais igualitária em casa. Mas quando adquirem esse capital intelectual, tornam-se mais dispostos a compartilhar a vida doméstica.
            É evidente que muitos progressos houve, já que os espaços de liderança nos negócios e na vida pública que a mulher galgou eram claramente impensáveis décadas atrás. Por outro lado, o homem passou a ser parceiro nas atividades domésticas, contribuindo assim para que a mulher tivesse mais tempo e liberdade para explorar a sua capacidade profissional. Sem dúvida, um ato digno.
            Particularmente, vivenciei essa experiência há pouco tempo quando visitei a minha filha que reside na Austrália. Além de praticar algumas atividades domésticas (simples) - como arrumar a casa, irrigar o jardim, levar o meu neto Adam à creche -, o que mais me fascinava era olhar ele dormindo, como se fosse uma imagem religiosa. E quando despertava (chorava) estava eu lá para fazer um carinho para que continuasse dormindo e sonhando com os anjos.
            A verdade é que abandonei a zona de conforto e fiz algo que até então desdenhava e que achava não ter destreza adequada. Ledo engano. Basta vontade para tanto e paciência. Tal experiência me fez mais partícipe da minha família, mostrando-me que o seio da família ainda é o melhor laboratório do amor.


                               
                                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                                     Advogado e mestre em Administração


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