A
Folha publicou recentemente uma pesquisa da Datafolha para presidente:
aproximadamente um em cada quatro brasileiros (23%) votará em branco ou nulo –
quase o triplo do índice registrado pelo instituto na mesma época de 2014 (8%).
É plausível esse resultado. Pois tem
tudo a ver com o desgosto com os políticos, a teia de corrupção exposta pela
Operação Lava Jato e a falta de opções explica a decisão de não votar em
ninguém.
Nesse rolo fez com que os eleitores
perdessem a identidade, o bonde da história e o entusiasmo. Caindo na real,
acho que fica difícil o TSE convencer o eleitor para que mude esse
entendimento. Infelizmente, o sentimento de desilusão com a classe política é
muito difundido. O discurso é o de que não há pessoas confiáveis. São
candidatos que repetem a mesma história. Não se observa movimento nenhum para
uma mudança. Entra ano e sai ano e a coisa continua.
Repare bem. Registro de um
amigo-eleitor, bem humorado e olhos esbugalhados: “Anulo o meu voto por
decepção mesmo, porque não tem alguém que faça o que a gente merece. Vou lá
votar só porque sou obrigado”. Tá ruço, não tá?
Não tenho dúvida. Não votar em
ninguém é uma forma de protesto, uma maneira de mostrar que os cidadãos não
estão satisfeitos com o comportamento dos políticos e a condução do país. Ora,
ajudar a eleger alguém envolve o risco de ser também responsável pelo mandato,
que pode, em vez de melhorar, piorar a situação.
Vejo no debate político muita
superficialidade e supostas soluções mágicas. No entanto, a solução para tais
problemas está vinculada ao engajamento dos brasileiros na escolha de seus
representantes. Informação, voto consciente e participação ativa são os
caminhos necessários para a mudança da prática política.
Resta esperar que um mandatário
legitimado pelo voto possa restabelecer a nossa confiança.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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