Nas minhas leituras de juventude,
mais de quatro décadas atrás, eu já sabia que somente a educação pode salvar o
mundo. Pois nenhum brasileiro alfabetizado pode ignorar isso. Tal realidade vai
ficando tão escancarada que nem o véu ideológico (contraditório) consegue
encobrir.
A referida assertiva é mais que
pertinente quando vejo o depoimento emocionante da professora aposentada, Diva
Guimarães, 77, ao revelar para uma plateia presente na última Festa Literária
Internacional de Paraty (Flip) de que a única forma de combater o racismo no
Brasil é pela educação.
Basta! Não podemos mais tolerar o
intolerável (descaso com educação). Os negros, como a professora Diva, só
tinham uma chance na vida: estudar. Afirma a pedagoga que as cotas no ensino
superior não são um privilégio, mas um dever da sociedade. Durante muito tempo,
esse acesso lhe foi podado. É só ler os livros de história para constatar que
as cotas sempre existiram – apenas para os brancos e bem-nascidos.
Com os seus cabelos grisalhos e
olhos vivos, ela confessa que sempre foi respeitada como educadora e, quando os
alunos lhe procuravam, chateados com alguma discriminação, repetia a mensagem
que sua mãe lhe dizia: “Quer ser respeitado? Então seja melhor que eles, tire
notas maiores, porque, um dia, vão precisar de você”.
Em meio a essa realidade
inescapável, não é por acaso que a educação no Brasil, ensino público, é ruim,
desigual e estagnado. Mais de 65% dos alunos brasileiros no 5º ano da escola
pública não sabem reconhecer um quadrado, um triângulo ou um círculo.
Para evitar mais delongas sobre o
tema, espera-se que o depoimento da professora Diva, emocionante e cheio de
sensibilidade, seja mais um alerta às nossas autoridades governamentais.
Redobrando à premissa de que a educação nunca foi despesa. Sempre foi
investimento com retorno garantido.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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