Devo levantar o chapéu e me curvar
pela grandeza da afirmação (previsão) feita pelo intelectual Darcy Ribeiro, em
1982: “Se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro
para construir presídios”.
Infelizmente, as autoridades do País
não deram ouvidos à voz de Darcy. Em razão desse descaso, as prisões estão em
acelerado processo de explosão. Se nossos governantes são incompetentes para
manter a ordem dos que estão do lado de fora, imagine dos que estão
encarcerados.
Apesar de o senso comum dizer que o
colapso das prisões do Brasil deve-se a conjunção de corrupção, má
administração e má aplicação do dinheiro público só poderia descambar para a
carnificina ocorrida na unidade prisional de Manaus.
A falência do sistema carcerário é
de pleno conhecimento de nossas autoridades. Já em outubro/16, o CNJ
classificou a citada unidade como “péssima”. E nenhuma providência foi tomada.
A inspeção constatou que os detentos não recebiam assistência jurídica,
educacional, social ou de saúde. Tratados como animais, reagiram à altura,
conforme foi veiculado as imagens de corpos decapitados.
A verdade é que “Caos nas prisões é
regra em todo o Brasil”. Com destaque em Manaus, onde o governador do Estado
parece ter ligado o “tô nem aí” (para não usar a variante chula) quando diz de
que “Não tinha nenhum santo entre os 56 presos mortos”.
Com sinceridade, acho que ele tem
preguiça de explicar que não sabe – e não tem – como resolver o problema que
lhe caiu no colo. Esse discurso brucutu não exime de sua responsabilidade pela
matança. Não consegue juntar lé com cré numa frase inteligível que explique a
crise prisional.
De tudo isso, a conclusão é
inescapável: os brasileiros terminam 2016 com a sensação de que vivem num país
corrupto, pobre e mal administrado.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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