domingo, 7 de agosto de 2016

Democracia carnavalesca

            O Brasil não consegue mais tolerar que seja eleito presidente, prefeitos, senadores, deputados e vereadores recheado de perfis venais e incompetentes. E se existe uma esperança de que o exercício da política tenha a ver com a defesa real do interesse público, as regras precisam mudar.
            Infelizmente, a turminha da democracia carnavalesca continua abusar dos sentimentos populares para ganhar e concentrar poder. Seja à direita, seja à esquerda. O democrata age livremente no domínio da verdade dos fatos, onde a verdade é um dos pilares da democracia e que tem o demagogo como cupim que age contra esse pilar.
            O mundo de sonho da vagabundagem do pseudo-político é chegar ao poder. O caminho mais curto para atingir esse objetivo é usar a boa-fé do eleitor. Torrando o dinheiro do contribuindo na montagem e manutenção de sua corte de propaganda progressista. Nessa esteira, pratica o populismo nacionalista, tendo como cacoete propostas inconsistentes e até estrambólicas. Óbvio, tudo obviedade, filme velho.
            A primeira pergunta do horizonte imediato salta à vista: como reagir? Ficar na mesmice de sempre explicar o inexplicável. Do tipo, o eleitor: “Você é um político safado”; o político: “Safado é você que votou em mim”.
            Para combater esse estado de coisa, precisamos mudar as regras, como falo no início do presente texto. Prova de um modelo que deu errado, que há um fosso entre a sociedade e a política. Situação que leva ao maniqueísmo rasteiro que avilta a discussão da boa política.
            No entanto, até onde vejo, não basta a ficha limpa para barrar os políticos desonestos. É preciso que haja um desestímulo para a carreira do “político profissional” - aquele que faz da política seu único meio de vida, que abandona sua profissão para ocupar cargos eletivos eternamente.
            Para provocar esse desestímulo, que tal adotar o exemplo dos políticos na Suécia em que os vereadores e deputados estaduais não recebem salários, não possuem carros com motoristas e devem usar os seus próprios celulares. E tampouco têm secretárias e uma “penca” de assessores parlamentares.
            Lá o prefeito da Capital anda de ônibus. Primeiro-ministro? Esse circula de metrô ou de bicicleta. Deputados Federais? Moram em apartamentos funcionais de 16 metros a 46 metros quadrados, lavam e passam as suas próprias roupas. O tratamento dispensado não é de “excelência”, mas simplesmente de “você”.
            Por isso temos que sair desse “gerúndio” da política, estamos melhorando, chegando... Acho que ironia e escárnio tem limites.

                                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                  Advogado e mestre em Administração

           




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