Fiquei emocionado com a cerimônia de
abertura da Olimpíada. Foi de arrepiar, digna de medalha de ouro. Festa que
encantou o mundo, com qualidade e extremo bom gosto.
Independente do belo espetáculo, em
oportunidades outras, já abordei aqui que o Brasil não estava preparado para
sediar tal evento, assim como, a Copa do Mundo de 2014. Tenho dúvida das boas
intenções de Lula quando propôs sediar as Olimpíadas no Brasil, que, por sua
vez, nega todas as acusações ao seu modo peculiar de fazer hipérboles: “Não
existe ninguém mais honesto do que eu”.
Ora, quando estive em Barcelona,
constatei de perto o legado deixado pelos Jogos Olímpicos de 1992. Instituíram
uma marca urbana que até hoje atrai turistas e talentos. Acabaram em definido com
a última favela localizada no morro da Carmel, antes tomado pelo tráfico de
heroína.
O evento das Olimpíadas para
Barcelona foi uma história de sucesso, fez com que alavancasse o Plano
Metropolitano de 1976, que ampliou consideravelmente os espaços públicos.
Desenhando assim um novo marco geográfico e econômico para a cidade.
Já para Rio de Janeiro, que
esperamos de legado Olímpico? Bato na madeira três vezes para que eu esteja
errado, mas a discussão foca apenas os legados pontuais, como arenas e
transportes. São importantes, porém não iluminam o amanhã. Tirando as áreas
mencionadas, a cidade continua configurada com uma população envelhecida e
muito dependente de aposentadorias, com uma classe de favelados que luta para
sobreviver num Estado em frangalhos. Todos expostos de bala perdida. Sem dó e
sem piedade.
Deixando o malabarismo retórico (espécie
de “salto triplo de ego carpado”) de lado, não há como deixar de registrar
ainda as mazelas expostas pela Cidade Maravilhosa, desde os enormes gastos com
as Olimpíadas em uma época de penúria, da poluição da baía de Guanabara, da
criminalidade, da violência, da miséria social, da zika, da dengue e da
chinkungunya e de muitas outras vergonhas nacionais, que não são exclusivas do
Rio.
Estamos, até hoje, quebrando a
cabeça para entender os valores orçados e alguns pagos para construir o
complexo da estrutura Olímpica. Como não bastasse o País está em recessão,
saúde falindo, insegurança, classe política em descrédito, desemprego elevado e
rombo nas contas públicas. Logo não é “complexo de vira-lata” e nem asneira
afirmar que o Brasil não estava preparado para organizar um evento de alta
envergadura.
E
quando chegar a fatura da Olimpíada para pagar, possivelmente teremos o
desplante de ouvir, como dizem os americanos: “Drop dead!” (virem-se).
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
mestre em Administração
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