domingo, 14 de agosto de 2016

Legado Olímpico

            Fiquei emocionado com a cerimônia de abertura da Olimpíada. Foi de arrepiar, digna de medalha de ouro. Festa que encantou o mundo, com qualidade e extremo bom gosto.
            Independente do belo espetáculo, em oportunidades outras, já abordei aqui que o Brasil não estava preparado para sediar tal evento, assim como, a Copa do Mundo de 2014. Tenho dúvida das boas intenções de Lula quando propôs sediar as Olimpíadas no Brasil, que, por sua vez, nega todas as acusações ao seu modo peculiar de fazer hipérboles: “Não existe ninguém mais honesto do que eu”.
            Ora, quando estive em Barcelona, constatei de perto o legado deixado pelos Jogos Olímpicos de 1992. Instituíram uma marca urbana que até hoje atrai turistas e talentos. Acabaram em definido com a última favela localizada no morro da Carmel, antes tomado pelo tráfico de heroína.
            O evento das Olimpíadas para Barcelona foi uma história de sucesso, fez com que alavancasse o Plano Metropolitano de 1976, que ampliou consideravelmente os espaços públicos. Desenhando assim um novo marco geográfico e econômico para a cidade.
            Já para Rio de Janeiro, que esperamos de legado Olímpico? Bato na madeira três vezes para que eu esteja errado, mas a discussão foca apenas os legados pontuais, como arenas e transportes. São importantes, porém não iluminam o amanhã. Tirando as áreas mencionadas, a cidade continua configurada com uma população envelhecida e muito dependente de aposentadorias, com uma classe de favelados que luta para sobreviver num Estado em frangalhos. Todos expostos de bala perdida. Sem dó e sem piedade.
            Deixando o malabarismo retórico (espécie de “salto triplo de ego carpado”) de lado, não há como deixar de registrar ainda as mazelas expostas pela Cidade Maravilhosa, desde os enormes gastos com as Olimpíadas em uma época de penúria, da poluição da baía de Guanabara, da criminalidade, da violência, da miséria social, da zika, da dengue e da chinkungunya e de muitas outras vergonhas nacionais, que não são exclusivas do Rio.
            Estamos, até hoje, quebrando a cabeça para entender os valores orçados e alguns pagos para construir o complexo da estrutura Olímpica. Como não bastasse o País está em recessão, saúde falindo, insegurança, classe política em descrédito, desemprego elevado e rombo nas contas públicas. Logo não é “complexo de vira-lata” e nem asneira afirmar que o Brasil não estava preparado para organizar um evento de alta envergadura.
 E quando chegar a fatura da Olimpíada para pagar, possivelmente teremos o desplante de ouvir, como dizem os americanos: “Drop dead!” (virem-se).
           

                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                Advogado e mestre em Administração


            

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