sábado, 12 de dezembro de 2015

Chega de tantas leis

            O Brasil é um país de litigantes, com um descomunal número de processos judiciais, onde cada ano bate recordes e mais recordes. Uma vez que incorporam mais leis ao nosso ordenamento jurídico, mais conflitos para a vida de todos nós. Não é à toa que se diz que os nossos legisladores e governantes são craques em alterar normas, sem cuidar das consequências.
            O xis da questão está justamente em interpretar as diversas formas de fazer justiça e de adaptá-las a realidade brasileira, sem enfraquecer os freios e contrapesos institucionais. O que está errado é a lógica, a filosofia que está norteando isso. Pois é: grave miopia pensar diferente.
            Não adianta fazer cara de paisagem. Ao invés de formular novas leis e regras, o Brasil deveria aproveitar a atual crise para revogá-las, especialmente aquelas que prejudicam a competitividade do País. Existe, porém, um número significativo de medidas que poderiam ser revogadas nas áreas trabalhistas, tributárias e comercial para ajudar a destravar as amarras que prejudicam o nosso desenvolvimento econômico.
            Tudo isso, condena o Brasil a viver sempre como uma nação de segunda categoria. Não se conserta uma nação com a edição de Leis. Não podemos nos deixar contaminar pelo cinismo e assumir que todo político é desonesto e que precisamos de leis rígidas para limitar o seu raio de ação. Esse pensamento raso, nefasto, desinteligente colabora para corroer a credibilidade dos valores democráticos, das virtudes da liberdade e do governo representativo.
            A sociedade, por sua vez, não pode se calar e ficar acomodada vendo a banda passar. Vamos acabar com essa onda que todo político é picareta, e pra isso é necessário demandar novas leis e normas. Se essa fosse real solução, o Brasil já teria se livrado do câncer da corrupção. Há vários gestores públicos sérios e determinados que estão ajudando a mudar o Brasil e a elevar a qualidade da gestão e das políticas públicas.
            A desconfiança na lei, em razão do seu excesso, reduz nosso capital social e dificulta a articulação política de soluções. É pena que os nossos legisladores ainda não se toquem para essa realidade e, quando muito, algumas iniciativas, só merecem uma brevíssima nota de rodapé.
            Além da punição terrena com tantas leis, o brasileiro terá ainda de enfrentar o “juízo final”. É demais, não?

                                                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                       lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                                          Advogado e mestre em Administração

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