Recentemente
a Fiat Chrysler Automobiles inaugurou na cidade de Goiana o complexo Polo
Automotivo Jeep. O investimento foi na ordem de R$ 7 bilhões, dos quais 3
bilhões foram aplicados na fábrica Jeep, R$ 2 bilhões no parque de fornecedores
e o restante destinado a desenvolvimento de outros produtos.
A perspectiva é de que, até meado de
2016, a montadora pretende chegar à marca de 250 mil veículos produzidos ao
ano. A FCA aponta ainda para o registro de 9 mil trabalhadores até o fim do
ano, sendo 3,3 mil na fábrica, 4,9 mil no parque de fornecedores e 850 em
serviços gerais.
Não deixa de ser um acontecimento
auspicioso. Principalmente quando esse empreendimento é instalado na região do
Nordeste, tão carente de investimentos - resultado de doses de negligência, de
incompetência e de desonestidade de seus gestores. É um quadro nitidamente
psicótico, onde tudo é mentira, fingimento e pose.
Por outro lado, não deixa de ser uma
grande ousadia dessa organização investidora (FCA), no momento em que o Brasil
vai mal das finanças, que o desemprego vai aumentar, a inflação seguirá em alta
e o País vai desacelerar ainda mais. E não há aí nenhum exagero.
Como não bastasse, o fenômeno de
carros “zero km” - não só aqui, como também pelo mundo afora - é de que a sua
produção está ficando encalhada. Ou seja: os pátios cheios de carro que as
montadoras não conseguem vender.
A verdade é que cada vez mais as
pessoas não estão comprando carros no mesmo ritmo de antes da recessão. O ciclo de comprar, usar, mudar, se acabou. As
pessoas usam seus carros durante muito mais tempo depois de comprados.
Dito
isto, emerge a questão: Quantas famílias que você conhece que ostentam um carro
novo a cada ano? A resposta certamente
seria: Poucas, muito poucas. Outra consequência é encontrar espaço para acomodar
esses carros para a nova produção. Espaços abertos ao redor do mundo se
converteram em cemitérios improvisados para os carros que não conseguiram
atrair compradores.
A indústria automobilística, por sua
vez, não pode simplesmente deixar de produzir carros novos. Isso significaria o
fechamento de fábricas e demitir dezenas de milhares de pessoas, piorando assim
a recessão. Sem falar do efeito dominó que seria catastrófico para a indústria
do aço.
Apesar desses imbróglios, tenho
certeza que a capacidade do empreendedorismo da FCA é que levou a decisão de se
instalar no Nordeste, cuja lição é que não se chega à outra margem do Rio sem
respingos. Sempre existe o risco de afogamento. O difícil é tomar a decisão,
mas quando ela é tomada, e nunca é fácil, não há força que segure a mudança e o
crescimento.
Aliás, já passou da hora deste País
acordar e ficar atento aos “oportunistas de plantão”. Boa sorte ao pessoal da
Fiat – FCA.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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