segunda-feira, 11 de maio de 2015

Ousadia da Fiat

       Recentemente a Fiat Chrysler Automobiles inaugurou na cidade de Goiana o complexo Polo Automotivo Jeep. O investimento foi na ordem de R$ 7 bilhões, dos quais 3 bilhões foram aplicados na fábrica Jeep, R$ 2 bilhões no parque de fornecedores e o restante destinado a desenvolvimento de outros produtos.
            A perspectiva é de que, até meado de 2016, a montadora pretende chegar à marca de 250 mil veículos produzidos ao ano. A FCA aponta ainda para o registro de 9 mil trabalhadores até o fim do ano, sendo 3,3 mil na fábrica, 4,9 mil no parque de fornecedores e 850 em serviços gerais.
            Não deixa de ser um acontecimento auspicioso. Principalmente quando esse empreendimento é instalado na região do Nordeste, tão carente de investimentos - resultado de doses de negligência, de incompetência e de desonestidade de seus gestores. É um quadro nitidamente psicótico, onde tudo é mentira, fingimento e pose.
            Por outro lado, não deixa de ser uma grande ousadia dessa organização investidora (FCA), no momento em que o Brasil vai mal das finanças, que o desemprego vai aumentar, a inflação seguirá em alta e o País vai desacelerar ainda mais. E não há aí nenhum exagero.
            Como não bastasse, o fenômeno de carros “zero km” - não só aqui, como também pelo mundo afora - é de que a sua produção está ficando encalhada. Ou seja: os pátios cheios de carro que as montadoras não conseguem vender.
            A verdade é que cada vez mais as pessoas não estão comprando carros no mesmo ritmo de antes da recessão.  O ciclo de comprar, usar, mudar, se acabou. As pessoas usam seus carros durante muito mais tempo depois de comprados.
Dito isto, emerge a questão: Quantas famílias que você conhece que ostentam um carro novo a cada ano?  A resposta certamente seria: Poucas, muito poucas. Outra consequência é encontrar espaço para acomodar esses carros para a nova produção. Espaços abertos ao redor do mundo se converteram em cemitérios improvisados para os carros que não conseguiram atrair compradores.
            A indústria automobilística, por sua vez, não pode simplesmente deixar de produzir carros novos. Isso significaria o fechamento de fábricas e demitir dezenas de milhares de pessoas, piorando assim a recessão. Sem falar do efeito dominó que seria catastrófico para a indústria do aço.
            Apesar desses imbróglios, tenho certeza que a capacidade do empreendedorismo da FCA é que levou a decisão de se instalar no Nordeste, cuja lição é que não se chega à outra margem do Rio sem respingos. Sempre existe o risco de afogamento. O difícil é tomar a decisão, mas quando ela é tomada, e nunca é fácil, não há força que segure a mudança e o crescimento.
            Aliás, já passou da hora deste País acordar e ficar atento aos “oportunistas de plantão”. Boa sorte ao pessoal da Fiat – FCA.
           
           
           
                                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                                                      Advogado e mestre em Administração

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