terça-feira, 21 de abril de 2015

Altas taxas de juro

       Após ler tantas reportagens, não consegui me conter, e voto ao tema que está em voga em qualquer roda de conversa: as altas taxas de juro! Fico estarrecido em saber que os juros das operações de crédito subiram mais uma vez, cravada a terceira alta de 2015 e a sexta elevação consecutiva, informa uma pesquisa feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). A taxa de juros média geral para pessoa física passou de 6,60% ao mês (115,32% ao ano) em fevereiro para 6,71% em março (118% ao ano). É a maior taxa de juros desde agosto de 2011.
            Como diria pausadamente o ator Jack Palance nos anos 80, com seriedade e sucesso: “Acredite... Se quiser”. Notadamente quando se verifica que a taxa média dos juros do cartão de crédito atingiu 290,43% ao ano, segundo pesquisa divulgada também pela Anefac. O percentual reflete o aumento das taxas, que, em fevereiro, estavam em 11,67% ao mês e subiram para 12,02% em março. E fevereiro, a taxa média do cartão de crédito era 276,04% ao ano.
            Constrangem-nos, ainda mais, que isso ocorra diante de um cenário em que as chances de progresso pessoal estão cada vez mais limitadas. Onde quase tudo que o governo diz é mentira. Tudo o que tem é roubado: tiram de seu bolso, em impostos, o dinheiro que você ganhou com seu trabalho, e não devolvem, em troca, os serviços que têm a obrigação de prestar.
            O Brasil insiste em ser a exceção na aplicação das altas taxas de juro. A elite intelectual financeira e a imprensa não sabem ou fingem não saber – pouco importa se é burrice ou má-fé. Não é por acaso, numa matéria recente publicada pelo The New York Times aponta que os juros aplicados no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, isso em razão das taxas empregadas nas operações créditos aqui em nosso País. Um verdadeiro escárnio ao bom senso.
Os efeitos desta política sobre o lado real da economia são os mais perversos possíveis, com aumento do custo dos empréstimos para pessoas físicas e jurídicas, teremos o aumento da inadimplência, queda do investimento, redução das vendas das indústrias, aumento da taxa de desemprego, maior desembolso no pagamento de juros que gera a necessidade de redução de gastos correntes do governo, etc, etc, etc.
Realmente, a nossa República de Pau-Brasil não é para principiantes, iniciantes ou pensantes. Ora, perdoem-me a obviedade confessional, mas é pura lorota de economês do nosso Banco Central justificar (altas taxas de juro) a cinco fatores: despesas administrativas, inadimplência, depósito compulsório, tributos e taxas, lucro. Sem falar que o sistema bancário brasileiro é um dos mais consolidados do mundo.  É, sim, de uma colossal piada – de mau gosto, é claro.
Pelo visto, o recado da política econômica soa o mesmo: danem-se!


                                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                               Advogado e mestre em Administração

                                                                      

Nenhum comentário:

Postar um comentário