Quando
contei, no início deste ano, que iria para Cuba na semana do Carnaval, os
amigos quase avançaram no meu pescoço: “Que danado você vai fazer lá?” ou “O
que tem para se ver nesse país?”. Jamais poderia ter sido mais feliz na minha
escolha.
É preciso viajar um bocado pelo
mundo para se dar conta de que Aristóteles estava certo ao citar a fraseologia:
“É natural no ser humano o desejo de conhecer”. Melhor ainda repetir, de vez
enquanto, a prece de Maomé: “Senhor, mostra-me as coisa como são”.
A situação de Cuba é muito parecida
com uma panela de pressão. Ficou cozinhando por muito tempo, sem ninguém para
observar o que estava acontecendo. Até que uma hora a pressão vai ser tanta que
não dá para ignorar. Mas isso é assunto para o próximo artigo.
Vamos falar o que esse país tem de
bom, principalmente para quem vai visitá-lo na condição de turista. A primeira
impressão que Havana causa é a de uma cidade com a aparência de um passado
opulento e reluzente, marcada pela imponência de sua arquitetura colonial e neoclássica,
por uma ostentação há lembrar os tempos faustos em que Havana era, por assim
dizer, o cassino dos Estados Unidos.
Cuba possui a maior frota de
automóveis clássicos americanos (Chevrolets, Fords, Cadillacs, Dodgs,
Buicks...) dos anos 20 a 50 fora dos EUA. Estima-se que são 50 mil automóveis,
alguns em ótimo estado, outros caindo aos pedaços. Encontrei vários deles
enfileirados na orla do Malecón, avenida que corta a beira-mar e onde está
também um extenso calçadão que os havanos usam para se exercitar, se
divertir... pescar e namorar.
Sim. É verdade que os cubanos são
como hermanos, parecidos com os brasileiros, talvez mais que qualquer outro
povo latino-americano. O prato tradicional, moros y cristianos, é mistura de
arroz com feijão. O drinque é o mojito – coquetel á base de rum branco, limão,
hortelã, açúcar e água tônica. À noite, vale a pena conhecer o cabaré Tropicana
– espetáculo com muitas plumas, vestidos coloridos de suas muchachas, e bons
cantores. Aliás, em Havana, ecoa música em cada esquina.
Algo, entretanto, registrar: mal eu
havia acabado de chegar, procurei logo conhecer o bar La Bodeguita Del Medio, o
mais famoso de Havana, juntamente com o Floridita, por ter sido o preferido de Hemingway,
Fidel e Nat King Cole para tomar mojitos. O interior do seu ambiente está
completamente decorado com retratos de figura ilustre que ali visitaram e, para
minha surpresa (ou não!), estava lá a foto do nosso ex-presidente Lula curtindo
também essa cultura etílica, sem nenhum ismo.
Não tenham dúvida: Cuba é uma viagem
ao passado e ao presente desta ilha tão polêmica.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e mestre em Administração
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