Como
falei no artigo anterior, a situação de Cuba é muito parecida com uma panela de
pressão. Ficou cozinhando por muito tempo, sem ninguém para observar. Até que
uma hora a pressão vai ser tanta que não dá para ignorar.
Sabe-se que o ideal socialista é, em
essência, a atenuação ou eliminação das diferenças de poder econômico por meio
do poder político. Porém, o que se vê em Cuba, ao nivelar as diferenças de
poder econômico, criou-se desníveis ainda maiores de poder político.
Para
frustrados e invejosos embriagados de mitologia socialista - no caso aqui,
Fidel, Raul e os demais comandantes da revolução Cubana -, é o efeito de uma
planificação maligna das classes dominantes, o produto diabólico de uma máquina
de exclusão social inventada e controlada por astutos engenheiros sociais
burgueses.
A história nos revela que nenhum
regime direitista jamais matou, prendeu ou torturou tantos militantes
esquerdistas quanto Stalin, Mao, Pol-Pot ou Fidel Costa. É uma simples questão
de fazer as contas. Se os socialistas tivessem um pingo de respeito por seus
próprios direitos humanos, voltariam para suas casas e deixariam que a boa e
velha democracia burguesa os protegesse contra a tentação suicida de implantar
o socialismo.
Se há (e garanto: como há!) em Cuba
um dia que não se criem novas estruturas de poder, novos meios de controle
social, novos instrumentos de manipulação psicológica destinados a ter um
impacto brutal, quase sempre destrutivo, não só na política e na economia, mas
na vida privada e na mente de toda população colocada sob a sua órbita.
Basta compreender essas noções para
perceber, de imediato, que o regime político de Cuba é um doente em estado
quase terminal. Só para vocês fazerem uma idéia de até aonde a coisa chega,
quando peguei um táxi em Havana, num velho Chevrolet da década de 50, para
conhecer alguns pontos turísticos da cidade, tive a nítida impressão (depois
constatei) de que ele, o taxista chamado Rafael, não estava feliz com a vida
que levava.
Sim. Senti que se tratava de um
sujeito ameno, com ares de bom moço. Entretanto, disse-me, mesmo reconhecendo
que seu país não tem drogas, violência e mendigos, não adianta o Governo
oferecer uma boa educação se não tem emprego; não adianta ter médicos para
consultar se não tem remédio para prescrever. E completa: só tenho mísero
direito para o sustento básico do básico, e mais nada. Além de ser tolhidos da sua
liberdade de opinião, está ainda proibido de ter acesso à internet.
Curioso, não é? Portanto, torço para
que os cubanos encontrem o seu norte, com abertura das fronteiras, das celas e
dos corações.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
Administrador de Empresas
Nenhum comentário:
Postar um comentário