segunda-feira, 9 de março de 2015

A Cuba socialista

       Como falei no artigo anterior, a situação de Cuba é muito parecida com uma panela de pressão. Ficou cozinhando por muito tempo, sem ninguém para observar. Até que uma hora a pressão vai ser tanta que não dá para ignorar.
            Sabe-se que o ideal socialista é, em essência, a atenuação ou eliminação das diferenças de poder econômico por meio do poder político. Porém, o que se vê em Cuba, ao nivelar as diferenças de poder econômico, criou-se desníveis ainda maiores de poder político.
Para frustrados e invejosos embriagados de mitologia socialista - no caso aqui, Fidel, Raul e os demais comandantes da revolução Cubana -, é o efeito de uma planificação maligna das classes dominantes, o produto diabólico de uma máquina de exclusão social inventada e controlada por astutos engenheiros sociais burgueses.
            A história nos revela que nenhum regime direitista jamais matou, prendeu ou torturou tantos militantes esquerdistas quanto Stalin, Mao, Pol-Pot ou Fidel Costa. É uma simples questão de fazer as contas. Se os socialistas tivessem um pingo de respeito por seus próprios direitos humanos, voltariam para suas casas e deixariam que a boa e velha democracia burguesa os protegesse contra a tentação suicida de implantar o socialismo.
            Se há (e garanto: como há!) em Cuba um dia que não se criem novas estruturas de poder, novos meios de controle social, novos instrumentos de manipulação psicológica destinados a ter um impacto brutal, quase sempre destrutivo, não só na política e na economia, mas na vida privada e na mente de toda população colocada sob a sua órbita.
            Basta compreender essas noções para perceber, de imediato, que o regime político de Cuba é um doente em estado quase terminal. Só para vocês fazerem uma idéia de até aonde a coisa chega, quando peguei um táxi em Havana, num velho Chevrolet da década de 50, para conhecer alguns pontos turísticos da cidade, tive a nítida impressão (depois constatei) de que ele, o taxista chamado Rafael, não estava feliz com a vida que levava.
            Sim. Senti que se tratava de um sujeito ameno, com ares de bom moço. Entretanto, disse-me, mesmo reconhecendo que seu país não tem drogas, violência e mendigos, não adianta o Governo oferecer uma boa educação se não tem emprego; não adianta ter médicos para consultar se não tem remédio para prescrever. E completa: só tenho mísero direito para o sustento básico do básico, e mais nada. Além de ser tolhidos da sua liberdade de opinião, está ainda proibido de ter acesso à internet.  
            Curioso, não é? Portanto, torço para que os cubanos encontrem o seu norte, com abertura das fronteiras, das celas e dos corações.


                                                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                 Advogado e Administrador de Empresas

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