segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Artigo: Governabilidade

       Já escrevi sobre isso aqui, você que acompanha esta coluna deve ter visto minha indignação ao “toma lá, dá cá” entre o governo e os partidos na questão do leilão por cargos. Mal terminou o processo eleitoral, não se fala outra coisa.
            De qualquer modo, essa é a tradição da política brasileira. Símbolo jocoso. Cujo princípio: se o governo não construir uma base de apoio no Congresso Nacional, dificilmente terá condições para governabilidade. Para enfrentar isso, o presidente da República tem 25 mil cargos para negociar.
            Deve reconhecer que esse modelo, ora adotado, é um vício congênito do nosso País. O resultado de tal “loteamento” é a ocupação de cargos estratégicos por políticos sem nenhuma experiência na área e, geralmente, com ambiciosos projetos de poder.
            Na verdade o governo sabe, mas não pratica, que para escolher um ministro, por exemplo, tem que ter um perfil equilibrado entre o técnico e o político, com qualidade intelectual e prestígio profissional suficiente para evitar a impressão de que atuará como mero executor das vontades da autoridade governante. Têm outros funcionários que são contratados e sequer trabalham. Como diria a grande estadista Margaret Thatcher: “Para cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber”.
            Às vezes digo, meio brincando, meio a sério, se uma empresa funcionasse como o Estado, ela estaria falida. O ideal é que o presidente governe com uma coalizão menor de partidos e convoque os melhores de cada agremiação. Basta dar uma olhada e puxar na memória para ver que o presidente Itamar Franco fez isso e governou sem moedas de troca.
            O Brasil não pode mais avançar desse jeito. Outra medida corajosa seria acabar com os ministérios entregues com “porteiras fechadas” – quando o partido beneficiado recebe a prerrogativa de indicar 100% dos funcionários da pasta, do ministro ao porteiro. Hoje, a rigor, o partido que indica, não usa critérios de competência e de reputação ilibada. As consequências desastrosas estão aí, espalhadas pelas esferas do governo.
            Infelizmente essa praga ainda insiste em assolar o País. Ao contrário dos comissionados, os funcionários de carreira são aqueles que entram no serviço público por meio de concurso e sem apadrinhamento. Ocorre que alguns deles estão sendo “cooptado” por caciques partidários e passem a agir de acordo com os interesses do partido, na maioria das vezes, em coisas desavergonhadas.
            Para esses agentes políticos descarados, pouco importa, o fim justifica os meios.


                                                       LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                       lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                         Advogado e mestre em Administração

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