Já
escrevi sobre isso aqui, você que acompanha esta coluna deve ter visto minha
indignação ao “toma lá, dá cá” entre o governo e os partidos na questão do
leilão por cargos. Mal terminou o processo eleitoral, não se fala outra coisa.
De qualquer modo, essa é a tradição da
política brasileira. Símbolo jocoso. Cujo princípio: se o governo não construir
uma base de apoio no Congresso Nacional, dificilmente terá condições para
governabilidade. Para enfrentar isso, o presidente da República tem 25 mil
cargos para negociar.
Deve reconhecer que esse modelo, ora
adotado, é um vício congênito do nosso País. O resultado de tal “loteamento” é
a ocupação de cargos estratégicos por políticos sem nenhuma experiência na área
e, geralmente, com ambiciosos projetos de poder.
Na verdade o governo sabe, mas não
pratica, que para escolher um ministro, por exemplo, tem que ter um perfil
equilibrado entre o técnico e o político, com qualidade intelectual e prestígio
profissional suficiente para evitar a impressão de que atuará como mero
executor das vontades da autoridade governante. Têm outros funcionários que são
contratados e sequer trabalham. Como diria a grande estadista Margaret
Thatcher: “Para cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve
trabalhar sem receber”.
Às vezes digo, meio brincando, meio
a sério, se uma empresa funcionasse como o Estado, ela estaria falida. O ideal
é que o presidente governe com uma coalizão menor de partidos e convoque os
melhores de cada agremiação. Basta dar uma olhada e puxar na memória para ver que
o presidente Itamar Franco fez isso e governou sem moedas de troca.
O Brasil não pode mais avançar desse
jeito. Outra medida corajosa seria acabar com os ministérios entregues com
“porteiras fechadas” – quando o partido beneficiado recebe a prerrogativa de
indicar 100% dos funcionários da pasta, do ministro ao porteiro. Hoje, a rigor,
o partido que indica, não usa critérios de competência e de reputação ilibada.
As consequências desastrosas estão aí, espalhadas pelas esferas do governo.
Infelizmente essa praga ainda
insiste em assolar o País. Ao contrário dos comissionados, os funcionários de
carreira são aqueles que entram no serviço público por meio de concurso e sem
apadrinhamento. Ocorre que alguns deles estão sendo “cooptado” por caciques
partidários e passem a agir de acordo com os interesses do partido, na maioria
das vezes, em coisas desavergonhadas.
Para esses agentes políticos
descarados, pouco importa, o fim justifica os meios.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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