Já
uma vez escrevi: no começo de minha carreira profissional tive que usar barba precocemente
para parecer mais velho e, com isso, liderar uma equipe de trabalho. Mesmo
reunindo os pré-requisitos que o cargo exigia.
Nossa! Perplexidade justa. Como
diria o dramaturgo Nelson Rodrigues, nada mais brutal do que o fato. Foi no
mínimo um menoscabo da inteligência, no mínimo. Ora, preocupar-se com a
diferença de idade é só uma armadilha para profissionais imaturos. A idade não
depende dos anos, mas sim do tirocínio, da aptidão, do temperamento, da saúde.
Alguns já nascem velhos. Outros jamais envelhecem.
Esse é o tipo de paradigma que
precisamos quebrar. Conflitos de geração sempre existiram no mundo corporativo
e, em geral, são contraproducentes. O melhor é não se importar com a diferença
de idade. Ficar subordinado a alguém mais jovem é ruptura de padrão,
principalmente dentro de uma tradição patriarcal, que deveria ser abandonada.
Alguns especialistas em liderança
dizem que o chefe normalmente é uma figura de autoridade, e uma figura desse
tipo tem a imagem do pai, de alguém mais velho. Tudo isso é muito simbólico. O
importante, porém, é se livrar desse tipo de simbologia, associado a velhas
organizações, e tentar separar a autoridade da liderança.
Ademais, é preciso abandonar ideias
falsas, como a de que um líder precisa ser um profissional experiente. Ou de
que você, só porque tem grandes conhecimentos técnicos, deveria estar no
comando. Na verdade, o líder é, ou pelo menos deveria ser, um craque na
definição de visões e objetivos, na capacidade de tomar decisões e na
mobilização de pessoas – e poder ser jovem.
É válido ressaltar que, nos novos
tempos, a organização não é baseada na hierarquia, mas nas competências, e o
líder não é o sabe-tudo, mas o responsável por ditar o ritmo e extrair dos
especialistas o melhor que eles podem fazer, além de integrá-los em um grupo
com objetivos comuns.
Não é por acaso que grandes empresas
nacionais, como a Petrobras, a Embrapa, o grupo RBS e a seguradora BB Maffre,
para preencher lacunas em níveis intermediários de chefia, passam por um
processo de “juniorização” e estão em busca do equilíbrio entre experiência e juventude.
O mundo corporativo mudou. E a lição
é simples: o mais velho precisa dar chance à liderança do jovem e vice-versa e,
nesse encontro de gerações, é fundamental que as duas partes estejam dispostas
a ensinar e aprender.
LINCOLN CARTAXO DE
LIRA
Advogado e Administrador
de Empresas
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