sexta-feira, 25 de abril de 2014

Preconceitos de liderança

             Já uma vez escrevi: no começo de minha carreira profissional tive que usar barba precocemente para parecer mais velho e, com isso, liderar uma equipe de trabalho. Mesmo reunindo os pré-requisitos que o cargo exigia.
            Nossa! Perplexidade justa. Como diria o dramaturgo Nelson Rodrigues, nada mais brutal do que o fato. Foi no mínimo um menoscabo da inteligência, no mínimo. Ora, preocupar-se com a diferença de idade é só uma armadilha para profissionais imaturos. A idade não depende dos anos, mas sim do tirocínio, da aptidão, do temperamento, da saúde. Alguns já nascem velhos. Outros jamais envelhecem.
            Esse é o tipo de paradigma que precisamos quebrar. Conflitos de geração sempre existiram no mundo corporativo e, em geral, são contraproducentes. O melhor é não se importar com a diferença de idade. Ficar subordinado a alguém mais jovem é ruptura de padrão, principalmente dentro de uma tradição patriarcal, que deveria ser abandonada.
            Alguns especialistas em liderança dizem que o chefe normalmente é uma figura de autoridade, e uma figura desse tipo tem a imagem do pai, de alguém mais velho. Tudo isso é muito simbólico. O importante, porém, é se livrar desse tipo de simbologia, associado a velhas organizações, e tentar separar a autoridade da liderança.
            Ademais, é preciso abandonar ideias falsas, como a de que um líder precisa ser um profissional experiente. Ou de que você, só porque tem grandes conhecimentos técnicos, deveria estar no comando. Na verdade, o líder é, ou pelo menos deveria ser, um craque na definição de visões e objetivos, na capacidade de tomar decisões e na mobilização de pessoas – e poder ser jovem.
            É válido ressaltar que, nos novos tempos, a organização não é baseada na hierarquia, mas nas competências, e o líder não é o sabe-tudo, mas o responsável por ditar o ritmo e extrair dos especialistas o melhor que eles podem fazer, além de integrá-los em um grupo com objetivos comuns.
            Não é por acaso que grandes empresas nacionais, como a Petrobras, a Embrapa, o grupo RBS e a seguradora BB Maffre, para preencher lacunas em níveis intermediários de chefia, passam por um processo de “juniorização” e estão em busca do equilíbrio entre experiência e juventude.
            O mundo corporativo mudou. E a lição é simples: o mais velho precisa dar chance à liderança do jovem e vice-versa e, nesse encontro de gerações, é fundamental que as duas partes estejam dispostas a ensinar e aprender.

                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e Administrador de Empresas

Nenhum comentário:

Postar um comentário